Quarta-feira, 17 de dezembro de 2014, às 07h53

Sobrefoto: aloart

E não é uma ponta qualquer, esta ultrapassa os limites da decência e do descaramento.

Gerson Soares

Do tanto que já se falou sobre os descalabros financeiros, burocráticos e descaminhos que envolvem a política brasileira, o chamado Petrolão – desencadeado pela Operação Lava-Jato da Polícia Federal – é a ponta de um imenso iceberg que envolve o país. E então voltamos às primeiras linhas iniciais: tanto já se falou sobre isso.

O que todos percebem é o envolvimento de uma nata corrupta e pegajosa que não quer deixar o Brasil avançar, que não permite à Moral ser novamente imposta e subverte os seus valores como um péssimo exemplo às gerações de brasileiros que se formam, achando que tudo pode. Que antes dos deveres estão os direitos, quando ambos caminham lado a lado e não acima ou abaixo, antes ou depois.

A cada dia as notícias veiculadas na imprensa demonstram o envolvimento ou pelo menos o conhecimento da atual e reeleita presidente Dilma Roussef e seu padrinho e ex-presidente Luiz Inácio da Silva, o Lula. As reportagens mostram os corruptores despontando entre as mais conceituadas empresas do ramo dos empreendimentos construtivos e seus executivos envolvidos pela lama do dinheiro fácil, mas que provém do trabalho de milhões de brasileiros, repassados a eles através de atos ilícitos.

O Brasil perdeu a oportunidade de promover mudanças há dois meses, reelegendo os mandatários que de uma forma ou de outra estão envolvidos em mais um estarrecedor episódio da corrupção nacional. Senão pela simples mudança, para que outros tivessem a oportunidade em promover ajustes, mas para que fossem impedidos de continuar em sua saga.

Dizer que a corrupção brasileira se origina no atual governo é engodo, mas em 30 anos de jornalismo nunca se viu tamanha falta de decência e descaramento por parte dos governantes. Segundo matéria publicada pela revista Veja, o Ministério Público Federal busca um acordo com as empreiteiras envolvidas no caso do Petrolão. Afirma que o procurador-geral da República deseja que estas não sejam consideradas inidôneas para que não se desestruture as bases dos serviços prestados por elas.

Ora, mas quais serviços? O de corromper o poder público?

Em nossa opinião seria melhor desestruturar temporariamente as obras, até mesmo paralisá-las se fosse o caso, mas para o bem público, corruptos e corruptores deveriam ser banidos da vida pública e privada, colocando seus responsáveis na cadeia. As empresas deveriam ser punidas na melhor forma e exemplarmente. E aqueles que conseguissem sair ilesos, e nessa condição não faltarão indivíduos, que fossem contar seus dólares num lugar esquecido do mundo a bem da justiça e da moral.

De um extremo a outro, o Brasil é uma indústria de punição aos cidadãos de bem que são pegos a cada dia em armadilhas, como por exemplo, na indústria das multas de trânsito que não aceitam quaisquer tipos de defesa por mais fundamentadas que possam ser. Mas aos corruptos e corruptores todos os direitos e acordos são oferecidos, e este é mais um filme que devemos assistir impassíveis, como espectadores estáticos. Até para protestar nas ruas há restrições.

Isso não é Justiça para todos é a ponta do iceberg que se esconde nos meandros. E como um iceberg, está invertida.