Domingo, 27 de maio de 2018 às 12h43


O Dia da Biodiversidade foi comemorado em 22 de maio. Os Corais da Amazônia representam muito bem essa data por serem um ecossistema único de biodiversidade, cientistas o chamam de farmácia submarina. Porém, sua existência já está ameaçada pela indústria do petróleo.

Por Thaís Herrero / Greenpeace

Uma das características mais marcantes dos Corais da Amazônia é sua rica biodiversidade. Isso vale tanto para os seres que formam o recife (esponjas-do-mar, rodolitos e corais) quanto para os peixes e outras espécies que circulam pela região e têm no recife um importante local para se abrigar, se alimentar e se reproduzir.

 

Corais encontrados na Guiana Francesa, durante expedição do Greenpeace em maio de 2018. A descoberta de que os Corais da Amazônia se estendem até esse país prova que ainda sabemos pouco sobre ele. Foto: ©Greenpeace

 

Esse recife é como um ponto de encontro de muitas espécies que vêm de diferentes (e opostos) locais do oceano. Prova disso é um artigo publicado em abril chamou os Corais da Amazônia de “corredor de biodiversidade”. Foram encontrados ali tanto espécies de peixes que são originários do sul do oceano Atlântico quanto do Caribe. O artigo foi resultado dos estudos feitos na primeira expedição que o Greenpeace fez aos Corais da Amazônia, em 2017.

Como a existência dos Corais da Amazônia foi confirmada só em 2016, ainda há muito ali para ser estudado. Ainda assim, os números sobre a biodiversidade que habita ali são impressionantes:

 

Peixes nadam junto à formação de rodolitos nos Corais da Amazônia. Essa foto foi capturada pelo Greenpeace em 2017, quando fazíamos a expedição que mostrou as primeiras imagens do ecossistema debaixo d'água. Foto ©Greenpeace

 

- Existem ali pelo menos 40 espécies diferentes de corais, como corais-negros e corais-moles.

- Sobre as esponjas-do-mar são pelo menos 60 espécies por ali, algumas delas de até 2 metros de altura! E dessas 60, é possível que 29 sejam totalmente desconhecidas pela ciência até hoje. Estamos diante de possíveis novas espécies que podem – e devem – ser estudadas.

- Na expedição científica que fizemos este ano, a bordo do navio Esperanza, encontramos uma formação recifal de muitas, muitas esponjas-do-mar. Os cientistas disseram que podemos chamar aquela área de “recife de esponjas”. Algumas imagens que fizemos mostram até seis espécies diferentes juntas.

 

Várias esponjas-do-mar são avistadas na área norte do recife dos Corais da Amazônia. Foto: ©Greenpeace

 

- Na expedição de 2017, vimos três peixes-borboletas que, segundo os cientistas que estavam conosco, têm potencial de serem novas espécies. Não foi possível identificá-los apenas pelas imagens e, para provar se são espécies novas ou não, precisaríamos de amostras dos DNA desses bichos.

- Cientistas estão estudando as bactérias encontradas na água e nos Corais. É possível que ali existam novas espécies que podem, inclusive, ser usadas na fabricação de remédios. Por isso, os cientistas estão chamando os Corais da Amazônia de “farmácia submarina”.

- A riqueza de vida também é provada pelas 73 espécies de peixes típicos de recifes, além de lagostas e estrelas-do-mar.

 

Lagosta encontrada nos Corais da Amazônia durante a primeira expedição do Greenpeace à região, em 2017. Foto: ©Greenpeace

 

- Toda essa vida marinha habita uma região que era considerada inóspita e improvável permitir a existência de um recife. Por isso, os Corais da Amazônia são verdadeiros vencedores e muito especias.

Só que, infelizmente, toda essa riqueza está ameaçada pela exploração de petróleo. A empresa francesa Total pretende perfurar a região próxima aos Corais da Amazônia para buscar petróleo. Por isso, estamos há mais de um ano defendendo esse ecossistema e exigindo que a Total desista desse plano e fique longe dos Corais da Amazônia.


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