Domingo, 12 de agosto de 2018, às 12h44


Com a falta dos imunossupressores em São Paulo, a ABTx entra em cena representando centenas de transplantados, leia o artigo enviado à imprensa pela entidade.

Os imunossupressores estão em falta este ano desde maio em praticamente todas as farmácias de dispensação de medicamentos de alto custo em vários estados brasileiros. Depois de horas na fila, os transplantados ou não conseguem pegar os medicamentos, ou estes são entregues de maneira fracionada, que não é suficiente para todo o mês.

 

Falta de remédios e/ou fracionamento deles, está causando desespero entre pacientes, desde os mais jovens aos idosos. Ilustração: aloart / Foto: Gözde Otman / Free Images

 

No estudo “Causa de Óbito Tardio em Transplantados de Fígado” realizado no Serviço de Transplante Hepático do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Curitiba, dos 209 pacientes submetidos a transplante hepático, 65 foram a óbito precoce e 30 a óbito tardio. A principal causa de óbito foi devido à rejeição crônica (10 pacientes). Desses, quatro ocorreram em pacientes que suspenderam ou reduziram as doses de imunossupressores sem orientação médica. Outro estudo retrospectivo de 260 receptores de rim, observou que a não-adesão ocorreu em 18% deles; 91% dos receptores que não aderiram perderam o enxerto ou morreram (1*).

Os estudos clínicos, apenas comprovam um fato que está acontecendo rotineiramente devido à falta sistemática de medicamentos. A Associação Brasileira dos Transplantados (ABTx) representa hoje quase 600 transplantados em todo Brasil e está trabalhando, desde o início de 2017, para sanear a falta de medicamentos imunossupressores que está ameaçando a vida de milhares de pessoas. Transplantados que já passaram por um período de quase morte, sobreviveram pelo ato humanitário de alguém ou de uma família que fez a doação de um órgão numa atitude de amor incondicional. Mas, neste último ano, os transplantados estão vendo a vida se esvair a cada comprimido não tomado.

Isto é o que há de mais cruel na política adotada pelo governo, a morte lenta dessas pessoas, que certamente ocorre com a sonegação dos remédios. Após o transplante, todos os transplantados voltam a ter uma vida plena. No entanto, com a falta de imunossupressores, sabemos que cada comprimido não tomado pode significar um dia, um mês, talvez um ano subtraído dessas vidas.

A ABTx vem tomando várias providências, inclusive impetrou ação civil contra o Ministério da Saúde. Porém, mesmo diante de fatos comprovados, a resposta fornecida pelo órgão é sempre a mesma: “as compras foram feitas e a situação irá se regularizar”. O fato é que já ouvimos esse discurso há mais de um ano.

A ABTx gostaria de chamar a atenção da sociedade, para este grave problema que está colocando em risco a vida de milhares de transplantados e solicitar o apoio para exigir do Ministério da Saúde a regularização no abastecimento dos medicamentos imunossupressores.

*Referência: 1. Julio Cézar Coelho, Rev Assoc Med Bras 2003; 49(2): 177-80

Sobre a ABTx

A Associação Brasileira dos Transplantados (ABTx), visa promover e estimular o desenvolvimento de todas as atividades relacionadas com os transplantes e doações de órgãos e tecidos humanos. Inicialmente fundada em 1996, para apoiar principalmente os pacientes transplantados renais do Hospital do Rim, hoje é uma entidade de abrangência nacional, sediada em São Paulo.

Além de trabalhar pela conscientização sobre a doação de órgãos e tecidos e pela melhoria das políticas de saúde nesse sentido, a ABTx também quer utilizar o esporte como meio de reinserir o transplantado no âmbito social e laboral. Acesse o nosso site: www.abtx.com.br. Mais informações, através do email: abtx@abtx.com.br

Água do Rio Doce tomada pela lama de resíduos minerais desemboca no Oceano Atlântico. Foto: Todd Southgate / Greenpeace

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