Quinta-feira, 21 de dezembro de 2017 às 19h32


Nada mais comum atualmente do que encontrar adolescentes grudados no celular, tablet e computadores como se esses aparelhos eletrônicos fossem essenciais para a sobrevivência deles. Mas o que poderia ser de grande ajuda para o estudo e a comunicação está se tornando problema em saúde.

Para a professora adjunta Maria Sylvia de Souza Vitalle, presidente do Departamento Científico da Adolescência da SPSP (Sociedade de Pediatria de São Paulo) e chefe do Setor de Medicina do Adolescente do Departamento de Pediatria da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a questão do uso incontrolável dos computadores por parte dos adolescentes se deve, principalmente, “à ‘terceirização’ dos filhos, e por decorrência à falta de supervisão. Isso porque cada vez mais os pais precisam se ausentar por períodos longos, por exigências de trabalho, e não conseguem supervisionar adequadamente as atividades das crianças”.

 

Estudos apontam que 33% dos adolescentes mudam o comportamento quando sabem que os pais estão supervisionando. Foto: SPSP / divugalção

 

A pediatra ressalta que os adolescentes precisam ser supervisionados sempre, para que não se tornem totalmente dependentes das máquinas. E é preciso dar o exemplo.

“Existem regras básicas de convívio e participação em todas as atividades familiares, como limitar o uso de todos os aparelhos eletrônicos, selecionar o que os adolescentes podem acessar, ensinar a ver as máquinas com um olhar crítico e acompanhar o que o filho vê na internet. Além de lembrar sempre que TV e computador não são babás”, pondera.

Ela ainda aconselha os pais a não confundir privacidade com exposição a riscos. “Além de colocar limites de uso, é necessário saber usar as ferramentas possíveis de bloqueio de conteúdos e informar os riscos do mundo digital, como o cyberbullying”, destaca.

Estudos apontam que 33% dos adolescentes mudam o comportamento quando sabem que os pais estão supervisionando; 48% deles escondem algumas atividades de seus genitores; 20% apagam mensagens; 23% apagam o histórico do navegador; e 16% minimizam o navegador quando há adultos por perto.

Quanto ao tempo que eles podem passar nos aparelhos, Maria Sylvia adverte que o uso dos dispositivos eletrônicos “não pode nunca comprometer as atividades do dia a dia e que o tempo deve ser limitado à idade e ao desenvolvimento das crianças e adolescentes”.

Mas a conexão com a internet tem pontos positivos também.

“As tecnologias podem ser ótimas aliadas para a educação e aquisição de habilidades. As mídias sociais têm imenso potencial de motivação: sabendo usar, incrementam as habilidades cognitivas, pois são capazes de desenvolver a leitura, o vocabulário, a criatividade, podem auxiliar na resolução de problemas e atuar no desempenho de matemática. Portanto, podem enriquecer o conteúdo acadêmico, trazendo benefícios em diversas áreas, como história, artes, ciência, literatura, música, somente para citar algumas. Existe a facilidade do acesso, trazendo o mundo à palma da mão e isso tudo é caminho para aumentar o capital cultural das pessoas, inclusive auxiliando na formação e educação de cidadãos melhores”, conclui.

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