Quarta-feira, 10 de maio de 2017 às 12h17


Estudo sobre corantes oriundos de árvores nativas visa mercado da moda mais sustentável e ‘saudável’ no Brasil.

Do IPT

Um mestrado orientado no Laboratório de Tecnologia Têxtil do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) tem como objeto de estudo o extrato das cascas de seis espécies de árvores nativas, visando a sua aplicação como corantes em têxteis. Segundo a pesquisadora responsável pelo projeto, Patricia Muniz dos Santos Silva, mestranda do curso de Têxtil e Moda da Universidade de São Paulo, o objetivo é encontrar alternativas mais sustentáveis e menos agressivas ao meio ambiente e à saúde humana para tingir tecidos, além de incentivar a produção local de acordo com a disponibilidade das espécies.

“Hoje, em geral, as indústrias têxteis usam corantes sintéticos, derivados do petróleo”, afirma a pesquisadora, integrante do Programa Novos Talentos, do IPT. “Muitos desses corantes são tóxicos, cancerígenos, mutagênicos ou não são biodegradáveis, o que gera também um problema de descarte no meio ambiente. Os corantes naturais, em geral, dificilmente são tóxicos e a maioria é biodegradável”, explica Patricia.

 

Corantes naturais utilizados em tecidos são, em geral, não tóxicos e biodegradáveis. Foto: divulgação / IPT

 

O estudo tem previsão de finalização em 2018 e inclui a coleta de amostras de cascas de seis espécies de árvores localizadas em unidades de conservação do estado de São Paulo - barbatimão, canjerana, copaíba, jacarandá-do-cerrado, pacari e sangra d’água. Depois de retiradas – de acordo com regras específicas para não causar danos às árvores – as cascas serão quebradas, secadas e moídas, e passarão por um processo de extração do corante à base de água. Um estudo visual de quais delas geram cores mais interessantes será realizado para que duas sejam escolhidas e analisadas mais a fundo.

Depois de escolhidas as fibras mais adequadas para os testes, Patricia explica que serão observadas as variáveis principais que influenciam no tingimento (pH, temperatura, tempo de banho, concentração de corante e tipo de mordente utilizado – substância que auxilia na fixação do corante), seguido de uma análise das cores resultantes no espectrofotômetro – aparelho que permite mensurar as propriedades da cor. A partir daí, será possível fazer os testes de solidez à luz, lavagem, suor e fricção nos tecidos tingidos, para entender se os corantes resistem ao uso das peças em que serão aplicados.

“O trabalho está sendo pensado para uma produção local, em que haja presença das espécies estudadas”, detalha Patricia. “Por não ser voltado a grandes indústrias, o estudo se alinha ao conceito de slow fashion, ou moda lenta, que basicamente diz respeito à produção de peças de qualidade, com mão de obra adequada e design atemporal, feitas para durarem mais e causarem menos danos ao meio ambiente e à saúde humana. É o oposto do fast fashion, o movimento das grandes indústrias que se preocupam apenas com produzir coleções para durarem pouco tempo”, finaliza.

Sensor identifica presença de moléculas de antígeno em soro sanguíneo, fornecendo rapidamente resultado positivo ou negativo. Foto: Cleverton Pirich

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