Quarta-feira, 24 de maio de 2017 às 13h09 – atualizado sexta-feira, 26 de maio às 12h41


No acompanhamento jornalístico da política nacional há mais de 36 anos, podemos afirmar que jamais a geração que hoje ocupa a faixa dos 50 aos 60 anos, viu tanta sujeira. A ilustração desta matéria, criada em 2015, faz alusão à opinião da imprensa brasileira e internacional ao compararem as proporções dos escândalos do mensalão, petrolão e o que pode vir do BNDES – apesar do fracasso da CPI instalada em 2015.

Gerson Soares

Os fatos estão cada vez mais à flor da lama, sendo a cada dia decifrados os crimes de parlamentares brasileiros contra o país através de toda sorte de tráfico de influência e favorecimentos indevidos. À disposição deles um verdadeiro arsenal jurídico para que se defendam, arrastando a situação insustentável ao infinito, além do foro privilegiado.

A liberdade de imprensa – apesar das constantes pressões que recebe de tempos em tempos –, assim como a coragem dos brasileiros que estão à frente da Polícia Federal e do Ministério Público na Operação Lava Jato e seus desdobramentos, deve ser apoiada sempre que trabalharem para acabar com a corrupção. Como vemos esse mal está integrado ao dia a dia nacional há mais de meio século – tomando-se como base o envolvimento de pessoas que ocupam o poder e os altos cargos na política sendo as mesmas.

 

Chega de corrupção, basta!. Ilustração: aloart

 

Carreiras longevas em partidos que há décadas estão no poder ou fazem parte dele, trabalhando nos bastidores, estão envolvidos nos maiores escândalos de corrupção da história do Brasil, tais como o PMDB, PSDB, PT e os nanicos (assim chamados partidos menores) que se valem dos seus favores – aliando-se aqui e ali ao sabor dos ventos ou das propinas, através dos seus membros.

As proporções das quantias de dinheiro são assustadoras e pularam dos milhares para os bilhões através dos últimos 50 anos; logo estaremos falando de trilhões de reais em desvios de verbas públicas, a continuar essa evolução. A institucionalização do crime de corrupção na política vira as costas para o sofrimento da população que poderia ter condições muito melhores de vida, não fossem as constantes e vultosas somas subtraídas dos impostos pagos pelos cidadãos, empresários e das riquezas geradas por empresas como a Petrobras ou instituições como o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

O povo brasileiro, na última década, está aprendendo a duras penas que precisa se inteirar sobre a política, conhecer os políticos em quem vota e manter-se informado sobre as atitudes dos parlamentares. Sobre economia, está aprendendo que é nesse setor para onde se movem as garras e os tentáculos de quem pretende se apossar daquilo que não lhe pertence através da corrupção e dos corruptores, favorecimentos e tráfico de influência. Empresários promíscuos, para quem milhões de reais significam dinheiro de troco com as facilidades oferecidas pelos políticos, hoje os vemos prestes a serem ou já encarcerados, assim como seus aliados. O que traz alguma esperança.

 

CPI do BNDES. Ilustração: aloart

 

A cada dia assistem-se casos que chocam, por mais conformados que possamos ser em matéria de corrupção na política. Hoje somos amadores no assunto, apesar de acompanharmos diariamente o noticiário – as manobras se sucedem das maneiras mais criativas com justificativas e defesas siderais. Como o último caso da mala, contendo 500 mil reais, valor de suposta propina para favorecimento da JBS em detrimento da Petrobras. O fato levou ao afastamento do cargo, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), ex-assessor especial de Michel Temer. Ele foi filmado pela Polícia Federal em 24 de abril em São Paulo, depois de sair apressado de uma pizzaria na capital paulista com o objeto entregue por Joesley Batista, dono da JBS que fez uma delação premiada e foi para Nova York. A aliados, o peemedebista disse que não sabia o que havia na mala e só soube quando abriu.

De acordo com o Jornal Nacional da Rede Globo, a mala foi entregue pelos advogados de Loures à Polícia Federal em São Paulo e continha 465 mil em 9.300 notas de 50 reais. Portanto, 35 mil estão faltando, de acordo com o delator da JBS. O valor era apenas uma parte do pagamento que envolveria o pagamento semanal de 500 mil durante 20 anos.

Assista ao vídeo

PF mostra momento em que Rocha Loures deixa pizzaria em SP carregando mala com R$ 500 mil