Terça-feira, 14 de agosto de 2018, às 16h09


Um aparelho eletrônico que indica em poucos minutos se uma pessoa tem hepatite C foi desenvolvido na Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP.

Agência FAPESP *

O estudo, feito pelo engenheiro João Paulo de Campos da Costa, teve como motivos a baixa precisão e o elevado custo da maior parte dos exames convencionais para identificar a doença.

O indivíduo infectado com o vírus da hepatite C (denominado VHC), tem no sangue o anticorpo que combate a doença, o anti-VHC. O novo equipamento detecta se o paciente contém esse anticorpo a partir do sangue extraído, realizando procedimentos em laboratório até que uma gota do composto final seja pingada sobre um pequeno sensor eletroquímico que contém uma proteína do VHC.

 

Aparelho eletrônico desenvolvido na EESC-USP com apoio do CEPID CDMF reduz custos de exames e analisa sangue com mais precisão. Foto: EESC-USP

 

“Caso a pessoa possua os anticorpos contra o vírus, eles irão ‘se ligar’ com a proteína viral, gerando uma reação que diminui a corrente elétrica que passa pelo aparelho. É justamente essa redução na corrente que nos indica a infecção da pessoa”, disse Costa em comunicado do Departamento de Engenharia Elétrica e de Computação da EESC.

Segundo ele, o aparelho é mil vezes mais sensível na detecção do anti-VHC se comparado aos modelos de exames convencionais que, algumas vezes, não são capazes de identificar pequenas quantidades de anticorpos. O dispositivo exibe o diagnóstico em, no máximo, 10 minutos.

O dispositivo foi desenvolvido durante o mestrado de Costa no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da EESC. O estudo foi feito no âmbito do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF), um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) financiado pela FAPESP.

Os resultados obtidos pelo aparelho são transmitidos por rede sem fio diretamente para um aplicativo de celular que poderá ser utilizado por profissionais da saúde. Intuitivo e com simples funcionamento, o aplicativo ainda é capaz de armazenar o exame do paciente em um cartão de memória e enviá-lo, via e-mail ou redes sociais, como WhatsApp e Facebook, ao médico responsável que irá interpretar o diagnóstico e definir o melhor tratamento da pessoa infectada.

Para auxiliar o médico no tratamento mais específico de cada paciente, o sistema desenvolvido por Costa também pode ser programado para quantificar os anticorpos encontrados no soro sanguíneo, e até mesmo atuar no diagnóstico de outras doenças crônicas virais, como o HIV e outros tipos de hepatite.

Ainda não há previsão de comercialização, mas, segundo Costa, o dispositivo pode ser facilmente produzido em escala industrial. Outra vantagem do aparelho é a portabilidade. Isso porque é possível levar o exame até pessoas com dificuldades de locomoção ou acamadas, que não conseguem se deslocar ao hospital mais próximo, ou mesmo a populações residentes em áreas de difícil acesso.

Leia mais em: www.sel.eesc.usp.br/posgraduacao/?p=7129.

* Com informações da assessoria de comunicação do Departamento de Engenharia Elétrica e de Computação da EESC-USP.

Portáteis e precisos, dispositivos pretendem aprimorar diagnóstico de doenças infecciosas e genéticas. Foto: Léo Ramos Chaves/Revista Pesquisa FAPESP

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