Segunda-feira, 21 de março de 2016 às 11h35


Um dispositivo que consegue detectar feridas antes mesmo de aparecerem e o perfil da pele degrada, foi publicado pela revista Nature Communications. Pesquisadores brasileiros da USP também assinam a autoria do artigo. Leia a reportagem.

José Tadeu Arantes | Agência FAPESP – A fabricação de um arranjo de eletrodos composto por nanopartículas de ouro impressas por jato de tinta em plástico flexível foi tema do artigo “Inkjet-Printed Flexible Gold Electrode Arrays for Bioelectronic Interfaces”, que foi capa da revista Advanced Functional Materials.

O material – que, entre outras aplicações, pode ser utilizado como biossensor – foi desenvolvido na Universidade da Califórnia em Berkeley (UCB) e na Universidade de São Paulo (USP), por meio de colaboração internacional de pesquisadores que contou com a participação de dois brasileiros: Felippe José Pavinatto e Ana Claudia Arias.

 

Formado por nanopartículas de ouro, o dispositivo é impresso com jato de tinta e será capaz de medir vários processos biológicos associados a variações de potencial elétrico (E); nanopartículas de ouro dentro do eletrodo – Microscopia Eletrônica de Varredura (D). Fotos: arquivo de Felippe José Pavinatto

Formado por nanopartículas de ouro, o dispositivo é impresso com jato de tinta e será capaz de medir vários processos biológicos associados a variações de potencial elétrico (E); nanopartículas de ouro dentro do eletrodo – Microscopia Eletrônica de Varredura (D). Fotos: arquivo de Felippe José Pavinatto

 

Pavinatto, que é pesquisador do Instituto de Física de São Carlos (IFSC-USP), atuou no projeto no contexto de uma Bolsa de Pesquisa no Exterior apoiada pela FAPESP: “Fabricação de biossensores usando técnicas de impressão”. “Os eletrodos são úteis para a confecção de dispositivos de medição em tomografia por bioimpedância, eletrocardiografia, eletroencefalografia e eletromiografia”, disse à Agência FAPESP.

As grandes virtudes do dispositivo decorrem do fato de ele ser flexível e quimicamente inerte. A flexibilidade possibilita um ótimo contato com a pele e os tecidos. E a inatividade química impede que o eletrodo reaja com fluidos biológicos e células vivas. “Podemos considerar, inclusive, a possibilidade de imprimir os eletrodos em fitas adesivas, como aquelas utilizadas em curativos”, afirmou Pavinatto.

O processo de fabricação é muito semelhante à impressão convencional por jato de tinta. A principal diferença é que a tinta colocada no cartucho é constituída por nanopartículas de ouro. “A sinterização ocorre em temperatura relativamente baixa, da ordem de 200 graus Celsius. E as velocidades de sinterização das diferentes linhas do eletrodo dependem de suas larguras. A técnica possibilita um grande controle do processo e muita versatilidade para modificar o layout durante a execução, se necessário”, comentou o pesquisador.

O dispositivo registra diferenças de potencial muito pequenas, da ordem de poucos milivolts (10-3 V). E, além das aplicações já citadas, pode ser utilizado para medir qualquer processo biológico associado a variações de potencial, como frequência cardíaca, taxa de açúcar no sangue ou dano celular que possa resultar em futuras ulcerações da pele (por exemplo, em pacientes por longo tempo acamados), entre outros.

“Como as nanopartículas de ouro e o plástico utilizado como suporte são biocompatíveis, o eletrodo pode, em princípio, ser instalado não apenas sobre a pele, mas também internamente, por meio de implante. Essa possibilidade está sendo avaliada”, informou Pavinatto.

Garantias de procedência e de qualidade permitirá classificar a produção nacional das 5 a 7 mil marcas comercializadas e alavancar as exportações. Foto: Wikimedia Commons

A busca de uma denominação de origem da cachaça: garantias de procedência e de qualidade permitirá classificar a produção nacional das 5 a 7 mil marcas comercializadas e alavancar as exportações. Foto: Wikimedia Commons

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