Quarta-feira, 9 de julho de 2014 às 16h40 – Atualizado às 21h43

Reportagem especial sobre a Revolução Constitucionalista de 1932

Gerson Soares

Campanha do Ouro, os heróis, o slogan dos Batalhões Infantis, os capacetes de aço, as indústrias que se transformaram em fábricas bélicas.


Os versos dos poetas nos falam ao coração e nossas mentes viajam por paisagens nunca antes vistas, mesmo quando descrevem os horrores da guerra e o heroísmo dos combatentes. A vontade de vencer transformou as indústrias que adaptaram suas máquinas para a guerra, fabricando armamentos e os capacetes de aço, que protegiam os soldados das balas e dos estilhaços.

Em 12 de agosto de 1932, a Associação Comercial, lança a campanha “Ouro para a Vitória”, onde pobres e ricos fizeram doações que “renderam mais de mil e seiscentos contos de réis”. (Folha da Noite, 7-9-32, 2 ed., p.4). A Campanha do Ouro, traduzida pela alma dos poetas, intelectuais e artistas é apontada como o símbolo mais perfeito da Revolução de 32, entrega total de um povo pelo ideal de liberdade.

 

Estudantes, operários, homens de negócios, todos ligados por um bem comum. Foto Álbum de Família 1932

 

Em Cunha, próximo a Parati, na divisa de São Paulo e Rio de Janeiro, numa das frentes de batalhas mais intensas entre revolucionários e tropas do governo federal, ocorreu o episódio do constitucionalista Paulo Virgínio, relatado por Cesar Salgado:

(…) Nos estertores de sua dor, quando seu corpo é escaldado de água fervendo, encontra forças para berrar aos algozes: “São Paulo, vence”. Obrigado a cavar a própria sepultura a golpes de enxada, ouvia ele dizerem-lhe os três sargentos e o fuzileiro naval que o supliciaram: “Vamos acabar com isso! Ande! Parece que está com medo de morrer, paulista amaldiçoado!”.

 

Praça do Patriarca, no centro da cidade: Ponto de coleta da campanha “Ouro para o bem de São Paulo”. Foto: Lembranças de São Paulo

 

Paulo Virgínio deixa cair a enxada, e voltando-se para a escolta, exclama em derradeira e patética afirmação de heroísmo, de fé e lealdade à sua terra: “Morro, mas aminha morte será vingada! São Paulo, vence!” Uma rajada de metralhadora. A queda de um corpo. E a tragédia estava consumada (…)

Paulo Nogueira Filho completa em seu livro: “Os poetas e idealistas do destacamento das Forças Constitucionalistas em Cunha vingaram o crime a peito descoberto, em luta cruenta, a plena luz do dia. Mais a dentro, no mês de agosto, nas cercanias do espigão do Divino Mestre, darão a medida de seu valor como combatentes e de sua fibra invergável como homens”.

 

Os “cabeças” da Revolução de 32 depoertados para Portugal a bordo do navio Pedro I. Foram depois transferidos para o Siqueira Campos. Foto:  Álbum de Família 1932

 

Mesmo com o slogan dos Batalhões Infantis que dizia: “Se necessário também iremos”, provado por um menino que lutava escondido na frente de batalha, no final viria o armistício, pois com força militar muito maior, o governo propôs os termos e São Paulo foi obrigado a aceitar.

Os líderes do movimento foram presos, muitos expatriados e o presidente da Associação de São Paulo (ACSP), Carlos de Souza Nazareth é chamado pelo Governo Federal ao Rio de Janeiro. No dia 10 de outubro, a ACSP telegrafa para Martins Filho e pede para que os amigos não deixem faltar nada ao presidente. Este responde também em telegrama:

“Diretoria ACSP. Aceitamos incumbência. Podemos pagar despesas Presidente. Notícias não podemos dar, interinamente proibidas visitas”.

“Casa de Correição – Rio de Janeiro
Ao sr. Feliciano Lebre de Mello

Vou ser deportado! Cumpro até o fim o compromisso de honra que as classes conservadoras assumiram perante o povo de São Paulo, quando hipotecaram apoio incondicional ao Governo Pedro de Toledo. No depoimento que prestei, chamei, exclusivamente a mim, toda e qualquer responsabildiade que pudesse caber às classes conservadoras pela atitude que assumimos durante a revolução. Estou mais firme do que nunca. Para a felicidade do nosso país e o bom nome da nossa classe, suportarei todos os castigos que o Governo julgue por bem aplicar. Juro-lhe que não desmentirei o mandato que me confiaram os amigos.

Carlos de Souza Nazareth”

São Paulo contra a ditadura pela Liberdade

A Revolução Constitucionalista de 1932, também é conhecida como Guerra Paulista. A data 9 de julho foi instituída simbolicamente. Uma luta por justiça edificada por pessoas que amaram sua terra e o Brasil. Os heróis estão sepultados sob o Obelisco do...

Revolução Constitucionalista de 1932 — Pola lei e Pola grei

LEIA A REPORTAGEM ESPECIAL REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 1932 CLIQUE NA IMAGEM ACIMA E ESCOLHA QUAL MATÉRIA QUER LER OU SELECIONE SUA PREFERÊNCIA NO SLIDER ABAIXO....

Leia a reportagem especial: Revolução Constitucionalista de 1932

Clique na imagem para visualizar e selecionar todas as matérias ou selecione sua preferência no slider abaixo.

Revolução de 1932: São Paulo lutou pela lei

Conheça algumas histórias sobre a Revolução de 1932 e um relato que ficou esquecido até 2014.

São Paulo de todas as Nações

Da simples cabana de barro e palha ao uso do concreto armado, uma cidade muito além de suas fronteiras. Do progresso notório à pausa para reivindicar a Constituição, uma guerra contra as injustiças. A Revolução de 1932 é um marco na história de São Paulo e...

1932: Um relato inédito

9 de Julho – A mulher na Revolução de 32

Sábado, 9 de julho de 2016, às 06h40 Anos atrás, quando Mario Covas, então Governador de São Paulo, havia decretado feriado o dia 9 de julho, em comemoração da Revolução de 32, fiquei tentando imaginar qual a motivação de tal ato. por Neide Lopes...

Revolução de 1932: Obelisco do Ibirapuera

Reportagem especial sobre a Revolução Constitucionalista de 1932 O Obelisco aos Heróis de 32, também conhecido como Obelisco do Ibirapuera ou Obelisco de São Paulo, é um monumento funerário erguido para homenagear e preservar a memória da Revolução de...

Julho: o mês das revoluções paulistas

Sexta-feira, 8 de julho de 2016, às 19h16 Amanhã, 9 de julho, é feriado em São Paulo. Nessa data são lembrados os acontecimentos que culminaram com a Revolução de 1932, que ficou conhecida como “Guerra Paulista”. O leitor poderá ler esta e várias outras...

A Legião Negra na Revolução Constitucionalista

Por volta desta data, há 84 anos, São Paulo fervia com a opressão do governo Vargas e exigiu uma nova Constituição. Hoje, quando o país inteiro já decorou a palavra e percebeu a importância do “livrinho”, vale recordar um pouco da história do Estado onde a liberdade...

Revolução de 1932: críticas

Reportagem especial sobre a Revolução Constitucionalista de 1932 Gerson Soares Alguns críticos ainda tentam subtrair o valor do intento paulista, mas mesmo derrotado, São Paulo venceu. A despeito das críticas sobre os erros militares que geraram a derrota...

Revolução de 32 — “Exemplos para os dias de hoje”

Quarta-feira, 9 de julho de 2014 às 16h20 – Atualizado às 21h39 Reportagem especial sobre a Revolução Constitucionalista de 1932 O título “Exemplos para os dias de hoje”, mais acima, foi usado por Ruy Martins Altenfelder Silva, num brilhante artigo para a...

Revolução de 32 — Os heróis e o exílio

Quarta-feira, 9 de julho de 2014 às 16h40 – Atualizado às 21h43 Reportagem especial sobre a Revolução Constitucionalista de 1932 Gerson Soares Campanha do Ouro, os heróis, o slogan dos Batalhões Infantis, os capacetes de aço, as indústrias que se...

Revolução de 32 — A História faz parte da Nação

Quarta-feira, 9 de julho de 2014 às 16h45 – Atualizado às 21h44 Reportagem especial sobre a Revolução Constitucionalista de 1932 Célio Debes Trecho do Digesto Econômico da ACSP, escrito em 2002. Essa demonstração de grandeza moral, de amor a terra, às suas...

A mulher na Revolução de 32 – Lucilla Novaes Prado

Reportagem especial sobre a Revolução Constitucionalista de 1932 Gerson Soares | publicado em 8 de julho de 2014 Costurando, alimentando e cuidando dos feridos a mulher paulista marcou sua presença na revolução. Em todo fato grandioso, nos ensina a...

9 de julho é dia de lembrar do Patriotismo

25 de Janeiro de 1932: Liberdade

Nove de Julho de 1932 – Guerra paulista

Paulo Virgínio, herói paulista, exemplo de civismo

Versos da guerra