Sexta-feira, 16 de março de 2018 às 13h47


Empresas e grupos de pesquisa no Estado de São Paulo que desenvolvem tecnologias voltadas a melhorar a qualidade de vida nas cidades paulistas terão a oportunidade de testar a viabilidade de suas soluções em ambiente e escala reais.

Elton Alisson | Agência FAPESP

O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) iniciará a construção em seu campus, na capital paulista, de um espaço tecnológico modelo voltado à experimentação e demonstração de soluções para cidades inteligentes – como são chamados locais que utilizam tecnologias integradas com o objetivo de promover a sustentabilidade ambiental e melhorar a qualidade de vida da população.

O espaço, de 30 mil m2 – equivalente a um terço da área total do IPT –, deverá ficar pronto até o final deste ano e será permanente. Ali serão testadas soluções tecnológicas em estágio avançado de desenvolvimento que possam contribuir para tornar cidades paulistas mais inteligentes e sustentáveis.

 

Instituto terá espaço para experimentar tecnologias de empresas e de grupos de pesquisa voltadas a melhorar a qualidade de vida da população. Foto: IPT

 

“A ideia é que o campus do IPT seja transformado em um ambiente em que empresas e grupos de pesquisa demonstrem soluções maduras, que teriam impacto na melhoria da qualidade de vida das cidades e que poderiam ser colocadas para demonstração imediatamente”, disse Alessandro Santiago dos Santos, pesquisador da Seção de Automação, Governança e Mobilidade do IPT e um dos coordenadores do projeto, à Agência FAPESP.

“Uma vez que essas tecnologias forem experimentadas e demonstradas nesse ambiente real podem surgir novos desafios de pesquisa fundamental para aprimorá-las. Para isso, podemos promover cooperações com nossos próprios pesquisadores, além de universidades e outras instituições de pesquisa”, explicou Santos.

O espaço também servirá para que prefeitos e gestores públicos possam conhecer o conceito de cidades inteligentes e soluções tecnológicas para essa finalidade que têm sido desenvolvidas por empresas e grupos de pesquisa. Ao conhecer essas tecnologias, poderão implementá-las em seus municípios.

“Sabemos que há muitas empresas e grupos de pesquisa oferecendo soluções para prefeituras voltadas a melhorar a vida nas cidades. Mas ainda não tínhamos identificado um lugar onde as diversas soluções existentes pudessem ser testadas simultaneamente para poder apoiar a decisão de prefeitos e gestores públicos por uma determinada tecnologia”, explicou Alex Fedozzi Vallone, assessor da diretoria de inovação e negócios do IPT.

“Pensamos que, em razão do tamanho da área do campus do IPT, podíamos usá-lo como um living lab, onde boa parte dessas soluções poderia ser implementada e testada”, disse.

Áreas iniciais

Foram selecionadas quatro áreas para implantação da primeira fase do projeto: meio ambiente, edificações inteligentes, serviços públicos e mobilidade inteligente.

A escolha foi baseada na experiência dos próprios pesquisadores do IPT nessas áreas. “O IPT vem trabalhando com a questão da melhoria de vida dos municípios há um bom tempo e reúne uma grande base de conhecimento nessa área”, disse Santos.

“Pensamos em reunir nesse projeto as soluções que já desenvolvemos voltadas a cidades inteligentes com as que existem no mercado e testá-las e compará-las nesse ambiente real, de modo que possam ser aprimoradas e aplicadas nas cidades paulistas”, explicou.

Na área de meio ambiente, por exemplo, um grupo de pesquisadores do IPT desenvolveu o software Arbio, que relaciona dados coletados em tempo real sobre a velocidade e direção de ventos com a condição de árvores nas cidades para informar aos cidadãos sobre áreas com risco de queda de árvores durante um temporal, por exemplo.

Outro grupo tem desenvolvido um sistema nomeado Barulhômetro, para identificar pontos críticos de poluição sonora na cidade por meio de equipamentos localizados estrategicamente que monitoram o ruído de forma sonora e, dessa forma, auxiliar e agilizar ações de fiscalização.

Há outras áreas, como desenvolvimento de painéis e fachadas fotovoltaicas, em que os pesquisadores da instituição têm experiência apenas com análise e realização de ensaios técnicos dos produtos.

“Entendemos que há complementariedade entre as soluções desenvolvidas no IPT e as que o mercado pode fazer. O instituto tem apoiado diversas empresas a realizar projetos e desenvolver tecnologias, e enxergamos que muitas soluções que surgirão, voltadas a cidades inteligentes, serão desenvolvidas por essas empresas. A ideia também é ter a experiência de usuários dessas soluções”, disse Vallone.

Segundo Vallone, ao reunir essas diferentes soluções tecnológicas no campus do IPT será possível avaliá-las comparativamente e propor avanços a partir da própria experiência do Instituto como usuário delas.


Os interessados em hospedar seus projetos voltados para cidades inteligentes no campus do IPT podem obter mais informações pelo e-mail smartcity@ipt.br ou pelo telefone (11) 3767-4254.


Mais informações: www.ipt.br/noticia/1355-smart_cities.htm

Cidades inteligentes precisam que ‘big data’ se torne ‘big action’: Iluminação inteligente na cidade de Yokohama, Japão. Foto: Thirteen-fri / via Wikicommons

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