Domingo, 28 de fevereiro de 2016 às 12h33


Em visita à Fiocruz, no Rio de Janeiro, diretora-geral da OMS, Margaret Chan, destacou que o Aedes aegypti, mosquito transmissor da zika, da dengue e da chikungunya, está presente em 113 países, podendo afetar muito mais pessoas do que as epidemias dos últimos anos. Para o especialista da OMS Bruce Aylward, a zika terá consequências imprevisíveis e coloca em risco o futuro das crianças brasileiras e do Brasil.

ONU Brasil

A diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, visitou nesta quarta-feira (24) a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), centro de pesquisa no Rio de Janeiro que está à frente do desenvolvimento de tecnologias para combater o vírus zika e o mosquito Aedes aegypti. A dirigente expressou seu apoio e gratidão pelos esforços do Brasil na luta contra a doença e seu principal vetor. Na véspera (23), Chan já havia se encontrado com diversos ministros e a presidente Dilma Rousseff.

 

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Coletiva de imprensa na Fiocruz que reuniu a diretora-geral da OMS, Margaret Chan (D), o ministro da Saúde do Brasil, Marcelo Castro (C), a diretora da OPAS, Carissa F. Etienne (E) e o diretor executivo interino da OMS para Surtos e Emergências de Saúde, Bruce Aylward (EE). Foto: UNIC Rio / Pedro Andrade

 

A chefe da agência da ONU destacou que o atual surto da doença, associada a números crescentes de casos de microcefalia no Brasil, é “uma ameaça muito, muito maior” do que outras epidemias dos últimos anos, como as de ebola e da gripe H1N1, devido ao número de países onde o principal transmissor da infecção, o Aedes, está presente. Atualmente, 113 países possuem populações do mosquito em seus territórios.

“A zika é culpada (pelo aumento dos casos da malformação) até que sua inocência seja provada”, afirmou Chan durante uma coletiva de imprensa na Fiocruz. A dirigente explicou que diversos fatores podem causar a microcefalia, mas que, no Brasil, os dados indicam que o surto de zika está ligado ao da síndrome neurológica. Entre novembro de 2015 e fevereiro de 2016, 5.280 casos suspeitos de microcefalia foram relatados no país. A média anual, entre 2001 e 2014, era de 163 ocorrências.

Questionada quanto à vulnerabilidade das pessoas ao mosquito e à zika, a diretora-geral disse que, “em todos os países, há desigualdades, há populações muito pobres”. Segundo Chan, a falta de acesso a saneamento básico e a exposição a danos ambientais tornam parcelas da população mais suscetíveis a doenças.

“O desequilíbrio do ecossistema vai nos dar mais desafios, mais doenças novas”, disse a dirigente. Uma pesquisa recente da OMS revelou que 23% das mortes prematuras são causadas por circunstâncias do ambiente onde as pessoas residem. Estima-se que 70% das novas infecções identificadas no mundo tenham origem animal, segundo Chan.

Vacinas

Durante sua passagem pela Fiocruz foram abordados vários tópicos e entre eles as vacinas contra a zika, que devem chegar à população em três anos, segundo o ministro da Saúde, Marcelo Castro. Governo e Fiocruz já desenvolveram um método de diagnóstico que permite identificar infecção pela doença, pela dengue e pela chikungunya. Essa técnica, no entanto, só funciona em pacientes que apresentam sintomas.

Dentre os pontos mais importantes debatidos durante a visita, existe por parte do governo brasileiro a aposta na mobilização e nas pesquisas para combater o vírus, além da certeza da relação causal entre zika e microcefalia. Também ficou claro que as mulheres devem receber informações sobre saúde reprodutiva e que a zika não ameaça a realização das Olimpíadas, recebendo a chancela também da OMS.

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