Terça-feira | 9 de fevereiro, 2021 | 19h38


ARTES MARCIAIS – JIU JITSU


Para centenas de praticantes da Arte Suave, familiares e amigos, a segunda-feira foi um dia em que o tempo parou. E, nesta terça-feira, o luto pelo Guilhotina ainda resiste.


Gerson Soares

Um guerreiro tem características próprias, dificilmente poderia ser chamado de pessoa comum, porque age e pensa diferente. Sua vida está voltada para as batalhas, as lutas diárias que trava consigo mesmo em prol da boa forma física e o bem.

Paulo Sanchez, o Guilhotina, era mais do que isso. Foi um mestre e o falecimento no dia 8 de fevereiro, no auge da vida aos 49 anos de idade – um mês antes de completar 50 anos –, uma surpresa para todos. Seu legado, no entanto, é para muitos, motivo de reflexão, inspiração, fé, humildade, garra. Sua disposição para treinar estimulava os demais. Estava sempre pronto para ensinar o Brazilian Jiu Jitsu, BJJ. “E aprender também”, diria.

 

Guilhotina com o Certificado e Medalha do Mérito Esportivo 2019, entregue pela Federação Paulista de Jiu Jitsu. Foto: divulgação / Instagram / Guilhotina

 

Com uma energia acima das suas possibilidades físicas, faleceu no tatame, dando aula, rolando com um dos seus alunos que tentou de tudo para reanimá-lo, mas foi impossível. Levado ao Hospital Municipal do Tatuapé, a Luz da vida já o havia deixado por volta das 9h.

O velório aconteceu na noite do mesmo dia no Cerimonial Pacaembu, e teve a participação de inúmeros alunos, amigos de tatame, familiares e admiradores. Seu corpo foi levado ao Crematório da Vila Alpina e processado às 12h de hoje (9). O “Paulinho”, como também era conhecido entre os velhos amigos, deixa a esposa Adriana, a filha Manuella de 6 anos – companheirinha inseparável até no tatame – e o filho Caíque.

 

Trajetória de Campeão: Medalhas e certificados do Guilhotina. Foto: Anderson / AT

 

Trajetória campeã

Colecionador de medalhas foi Campeão Mundial três vezes e 13 vezes Campeão Paulista, também 1º lugar no Campeonato Internacional (2008), Campeão de MMA (Xtreme Fight/2008) e entre outros títulos, ganhou a “Medalha do Mérito Esportivo” da Federação Paulista de Jiu Jitsu (FPJJ) em 2019 – uma honraria criada em 2015, destinada anualmente aos destaques da modalidade escolhidos pelos titulares das academias.

Construiu uma trajetória de sucesso no Brazilian Jiu Jitsu e no Submission, onde, devido o golpe que aplicava nos adversários, ganhou o apelido que levou pelo resto da vida: “Guilhotina”. Sua base foi a Xtreme Gold Team (atual Xtreme Brazilian Jiu Jitsu), onde treinava regularmente e era admirado por gerações de amigos.

 

O tradicional golpe do Guilhotina em treino na Xtreme BJJ. Foto: Reprodução / Instagram / Guilhotina

 

“O mestre Guilhotina deixa saudades e tristeza nos corações, mas nos inspira a atitudes positivas, assim como ele era. Vestido com seu quimono e a faixa preta sobre o peito, no velório o clima era surreal, aquilo não parecia verdade.”

Mestre e amigo inesquecível

O “Guilhota”, como era chamado, ensinou Brazilian Jiu Jitsu e Submission por onde passou, sempre deixando no tatame uma mensagem de respeito e humildade.

 

Guilhotina ao lado do banner que tanto gostava. Foto: Anderson / AT

 

Lecionou na Team Nogueira, no Sesc Paulista e criou o Projeto Social “Jesus no Tatame” na Igreja Bíblica Formosa, dedicando-se a ensinar um grupo de alunos de várias idades em Sapopemba, zona Leste de São Paulo. Às sextas-feiras seu treino de Submission na Xtreme BJJ era bastante concorrido, o complemento da semana.

Empresário do ramo imobiliário, batalhador e querido por todos, o faixa preta 3º grau partiu como um guerreiro, direto do tatame, durante uma de suas aulas semanais na Academia Teis. Agregador, era comum ele sair dali com seus alunos e levá-los para treinar na Xtreme BJJ.

Nesta hora, outras palavras sobre seu amor pelo BJJ estão escritas nas inúmeras imagens vistas na sua página do Instagram ou no recente canal do Youtube, onde falam por si.