Sábado, 29 de julho de 2017 às 12h29


Associação internacional recomenda que os médicos devem saber lidar com as dores intensas que ocorrem na sua área. Leia a matéria da SBED.

Uma das consequências mais temidas após uma intervenção cirúrgica é a dor que surge com o fim do efeito da anestesia. “A dor pós-operatória é normal por ser um alarme de que o corpo sofreu uma agressão, um trauma operatório. Dependendo do tamanho da cirurgia e da inervação da área operada, teremos mais ou menos dor. Por exemplo, face, mãos, períneo e pés são áreas com mais nervos, portanto, é esperado que o paciente sinta mais dor nesses locais”, explica Antonio Carlos de Camargo Andrade Filho, coordenador do Curso de Especialização e Pós-Graduação sobre Dor na Universidade de Marília (UNIMAR) e coordenador do Comitê de Termografia da Sociedade Brasileira Para Estudo da Dor (SBED).

Segundo o especialista, a dor deve ser tratada nos casos moderados e intensos para evitar convalescença mais prolongada e suas complicações, como reabilitação mais lenta, disfunções intestinais, insuficiência respiratória restritiva e retenção de secreções pulmonares, mais custo hospitalar entre outras intercorrências que podem surgir. Para iniciar o tratamento, é preciso avaliar bem o paciente e suas características como idade, peso, capacidade de comunicação, região corporal operada, porte cirúrgico e se existe infeção associada à cirurgia.

 

Dor deve ser tratada nos casos moderados e intensos para evitar convalescença mais prolongada e suas complicações, dizem especialistas. Foto: divulgação / SBED

 

“Assim podemos determinar se devemos receitar remédios via oral, opiáceos ou anti-inflamatórios, que não interfiram na coagulação, função cardíaca e dos rins, respiratória e no trato gastrointestinal, de dois a três dias. Não podemos esquecer que mesmo os pacientes que vão ficar entubados e nos aparelhos de ventilação devem ter a dor monitorada”, ressalta Andrade Filho.

Até o quinto dia após a operação, é esperada dor mais intensa, que pode variar conforme as características do paciente, a localização e porte do ato cirúrgico. Fatores como etnia, psiquismo e motivações pessoais também interferem nesses sinais.

“É importante não esquecer que dor é sempre um alarme valioso para médico e enfermagem. Se houver mudança de intensidade, característica, localização ou irradiação da dor, a atenção deve ser redobrada e o paciente reavaliado cuidadosamente”, salienta o médico.

Em alguns casos, a dor pode se tornar permanente. “Em torno de 10 a 15% da população tem tendência genética para desenvolver dores crônicas. Para que o ato cirúrgico não seja o fator desencadeador (epigenética), o combate à dor pós-operatória é de suma importância”, alerta Andrade Filho.

Se a dor persistir e for demasiada, o paciente deve procurar o médico que o operou. “A IASP (International Assotiation for the Study of Pain) recomenda que todo médico deve ter conhecimento adequado para lidar com as dores intensas que ocorrem na sua área de atuação”, esclarece o especialista.

Se o tratamento for feito de forma insuficiente, poderá comprometer a reabilitação do paciente e até o resultado da cirurgia. Se for uma medicação exagerada (nível tóxico), o convalescente poderá ter período de alerta diminuído e a consciência comprometida. “Sem esquecer que o paciente adequadamente alerta comunicará sempre de forma melhor qualquer intercorrência ou complicação que estiver ocorrendo”, conclui o médico.

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