Domingo | 16 de junho, 2019 | 12h56


As consequências geradas pela destruição do Centro Esportivo Brigadeiro Eduardo Gomes, mais conhecido como Sampaio Moreira, repercutem há mais de cinco anos.

Gerson Soares

O parque onde se desenvolveram muitas histórias locais, desde que era uma antiga chácara e tinha ao lado um conhecido campo de futebol ocupado pelos times varzeanos do bairro, quando a Radial Leste nem existia e a área total fazia divisa com os trilhos da Estrada de Ferro do Norte está passando por transformações que em nada sugerem essa real necessidade. Mas agora é tarde para lamentar, as mudanças são irreversíveis pelo que tudo indica.

 

CEU Carrão no Tatuapé: aos poucos a conclusão da obra incoerente vai se arrastando. Herança malfeita deixada pela administração de Fernando Haddad (PT). Foto: aloimage

 

Antes mesmo de se transformar em um alvo para mais uma ação lastimável implementada pelo ex-prefeito Fernando Haddad em 2015, o parque da Prefeitura que fica ao lado do metrô Carrão já estava em estado de abandono pela administração anterior de Gilberto Kassab e assim se transformou em presa fácil para as aspirações eleitoreiras petistas, mas parece que algo deu errado e Haddad não se reelegeu, nem o CEU foi entregue no prazo prometido.

Saiba mais sobre as obras do CEU Carrão

Sua obra transformou o aprazível local onde sobrevivem dois campos de futebol – a Prefeitura prometeu até grama sintética e remodelação do local que nunca aconteceu – em um esqueleto de concreto abandonado, onde descobrimos diversos criadouros de insetos o que levou a um inquérito aberto pelo Ministério Público de São Paulo. Haddad retirou a energia elétrica dos idosos que se reuniam na bocha, segundo os próprios frequentadores, destruiu um ginásio poliesportivo e promoveu seu intento junto à mídia entusiasmada que se deleitou em elogios. Portanto, o projeto, que foi aprovado na Câmara Municipal de São Paulo, não parece ter chamado a atenção quanto à sua discrepância.

Obras em andamento

Meses depois das constantes reclamações e da denúncia que chegou ao Ministério Público em dezembro de 2017 – foi aberto inquérito para apuração de fatos há um ano em julho de 2018 – a obra foi retomada pelo atual prefeito Bruno Covas no início de 2019 – não se sabe ao certo quando, mas imagina-se que tenha sido entre os meses de fevereiro e março – e está em andamento num ritmo bastante lento, provavelmente na medida de suas possibilidades. É o que podemos imaginar de maneira mais otimista, pois é proibida a nossa entrada no local e as Secretarias envolvidas com a obra, pouco ou nada respondem quanto às nossas questões, fato que também já afirmamos em outras reportagens sobre este assunto. Afinal, qual o motivo de não responderem?

 

"Trabalhando por você": placa mostra prazo que dificilmente será cumprido, num CEU instalado em área nobre de São Paulo. Foto: aloimage

 

A herança inapropriada deixada pela administração petista repercute na cidade, tais como as impensáveis ciclovias instaladas em áreas onde a possibilidade de uso era quase nula e este CEU Carrão no Tatuapé – até o nome é incoerente. Neste domingo, mais uma vez, consultamos algumas pessoas para saber o que achavam sobre essa obra educacional e esportiva em um bairro que já conta com uma infraestrutura invejável em diversos aspectos, ampla rede educacional e um nível social que dá plenas condições esportivas aos moradores, ampla rede de escolas, parques públicos e academias que atendem todos os bolsos.

As respostas foram unânimes. A Prefeitura deveria ter destinado a verba para a construção de um CEU (Centro Educacional Unificado) a uma área mais carente desse aparelhamento público. Locais desassistidos certamente não faltam e a educação é uma das bandeiras que mais se destacam entre a população de baixa renda que deseja ascender e tem aspirações de crescimento pessoal. Construir um CEU num bairro, cuja renda per capita está entre as maiores de São Paulo é no mínimo uma aberração para quem insiste em dizer que trabalha pelo povo. A herança infeliz e as mentiras estão escritas na placa que pode ser vista mais acima.

Imagem feita da passarela do metrô Carrão no dia 1º de fevereiro. Compare com a que está mais abaixo, do dia 29 de novembro de 2018. Foto: aloimage

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