Segunda-feira, 23 de novembro de 2015, às 13h35
Fundador e mestre da Academia Kim, tem recebido inúmeras comendas e homenagens pela sua dedicação e contribuição às artes marciais no Brasil; centenas de alunos já foram formados por ele e hoje propagam a técnica milenar da acupuntura.
Gerson Soares
Grão-mestre Geral Song Un Kim ou apenas mestre Song, como o chamam, é envolto num clima de sabedoria prestes a explodir, mas para absorver essa explosão precisaríamos de muitas semanas ou meses e assim mesmo não conseguiríamos apreender o suficiente para transmitir tantos conhecimentos acumulados ao longo dos mais de 42 anos dedicados ao Hapki-do tradicional e à acupuntura

Sala de acupuntura onde o também terapeuta recebe dezenas de clientes diariamente. Foto: Academia Kim
Modesto, humilde e atencioso, nos recebeu na Academia Kim. Nosso o intuito era extrairmos dele o máximo de informações no tempo disponível e dividimos a entrevista em duas etapas; devido ao grande número de pacientes que atende diariamente na sua pequena sala de acupuntura, para tratamentos de diversos males, como os da coluna por exemplo.

Além do Hapkido, Song é conhecido pelos incontáveis atendimentos em Acupuntura auricular. Foto: Academia Kim
Hapki-do: conjunto de energia e força da mente
Existem registros sobre o Hapki-do numa época tão distante quanto o ano 670 d.C. com o surgimento de guerreiros conhecidos por hwarangs no reino unificado da dinastia Sin-la (668–935 d.C.) – que ocupou o território da península aonde está localizado hoje o território da Coreia.
Os hwarangs podem ser comparados aos samurais japoneses ou aos cavaleiros medievais europeus. Essa tropa elitizada foi formada por aristocratas e militares com o propósito de proteger o reino recém-formado, através da união dos reinos de Sin-La (o mais adiantado), Baekje e Goguryeo. O nome Coreia é proveniente da dinastia Koryo (918-1392).
O treino de artes marciais dos hwarangs consistia em técnicas no uso de lanças, espadas, arco e flecha, montaria perfeita, além da disciplina mental e física (influências do Budismo e Taoísmo), complementadas com o uso dos pés e mãos para lutar.
Seu código de honra, o Hwarang-do, era composto por cinco itens:
1 – Obediência ao rei;
2 – Respeito aos pais;
3 – Lealdade para com os amigos;
4 – Nunca recuar ante o inimigo.
A partir dessa filosofia originou-se o Hapki-do que significa: hap = conjunto, ki = força da mente (energia), do = caminho, doutrina.
Com a modernidade os itens foram sendo adaptados, mas não perderam a essência, como podemos observar no atual código de honra:
1 – Amar a Pátria;
2 – Confraternização mútua;
3 – Não recuar um só passo na luta;
4 – Respeitar os pais;
5 – Ajudar os fracos.
O Hapki-do foi adotado pela guarda pessoal do Presidente da República coreana, após a I Guerra Mundial e após a II Guerra Mundial passou a ser mais difundido. Essa arte marcial possui 3.876 golpes, incluindo chutes, saltos, socos, torções, balões, defesa contra faca, manejos de bastões, espadas e outras técnicas.
Sendo a luta mais popular da Coreia, hoje é praticado também em quase todo o globo. Começou a ser difundido no Brasil, a partir da chegada oficial do Grão-mestre Park Sung Jae, em 1971, que iniciou suas aulas junto ao Exército Brasileiro, incentivado pelo Coronel Paulo da Silva Freitas pelo qual foi condecorado Patrono do Hapki-Do no Brasil.
O hoje elevado a Grão-mestre Geral Song Un Kim, que está à frente da Academia Kim no Tatuapé há mais de quatro décadas, recebeu a honrosa incumbência de continuar o trabalho do Grão-mestre Park, junto ao exército brasileiro, ministrando aulas semanalmente para um grupo especial da PE (Polícia do Exército), o PIC (Polícia Investigadora Criminal), no 2º Batalhão de Polícia do Exército (2º BPE). Nesse período, o batalhão esteve sob os comandos dos tenentes-coroneis Ubirajara Vieira das Neves Filho (2009/11), Hildomar Arnaldo Filter Júnior (2011/12) e Dario de A. Mesquita (2012), substituído por Aureo R. V. da Silva.

Monumento em homenagem ao Hapki-do no quartel do 2º Batalhão da Polícia do Exército. Foto: Arquivo Mestre Song
Para esse quartel, localizado em Osasco, na grande São Paulo, foi transferido o Monumento Patrimônio Nacional do Hapki-Do, em 17 de junho de 2009, que inicialmente fora erguido no 2º Grupamento de Canhões Antiaéreos (2º G-CAN 90) em Quitaúna, sob o comando do Capitão Hélcio Silva, no dia 25 de janeiro de 1973. O monumento é uma homenagem e o reconhecimento à primeira geração de Hapki-do formada no Brasil.
Hoje coronel, Dario Mesquita foi o grande incentivador das artes marciais, tornando-se ele mesmo faixa preta formado pelo mestre Song. Em 2013, sob o comando do tenente-coronel Anderson de Barros Machado, o mestre passou a ministrar suas aulas no 8º BPE que fica no Ibirapuera em SP. O batalhão foi comandado em 2014/15 pelo coronel Neilson Mendes Bezerra e atualmente está sob o comando do Coronel Dario Mesquita.
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