Segunda-feira, 29 de junho de 2015, às 10h13 - atualizado às 13h07
Do Camburaí, passando por um sem número de cidades, depois de passar pela Vale do Paraíba e deixar para trás cidades como São José dos Campos até chegar ao centro de São Paulo, Zé do Pedal divulga o projeto “Cruzado pela Acessibilidade” e nos envia os seus comentários sobre a maior cidade da América Latina, quanto ao assunto.
Gerson Soares com informações do Zé do Pedal
Para Zé do Pedal, o ativista que está percorrendo o Brasil desde o Camburaí e pretende chegar ao Chuí (extremos Norte e Sul do país) empurrando uma cadeira de rodas, São Paulo ainda não está totalmente preparado no que diz respeito à acessibilidade. Esta foi a sua impressão durante a chegada à cidade na última quinta-feira (25).
Ele nos mostra, em imagens, algumas das dificuldades enfrentadas por quem possui algum tipo de necessidade especial, como por exemplo, os cadeirantes e deficientes visuais. Numa dessas imagens, enviadas pelo ativista, é possível enxergar buracos no piso tátil – utilizado pelos cegos – bem em frente ao portão principal da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SEDPD), subordinada ao governo do estado.
Parece brincadeira, mas é a mais pura falta de atenção e a negligência com detalhes sobre mais um assunto ligado à saúde humana, na maior cidade do país. O ativista também esteve no órgão durante sua passagem pela cidade para fazer alertas sobre a acessibilidade. Em contato com SEDPD, fomos informados pela assessoria que o conserto cabe à Prefeitura, responsável pela instalação e manutenção do piso tátil.
Os obstáculos surgem a cada curva percorrida por Zé do Pedal com sua cadeira de rodas, que traz o emblema do Lions Clube. A passsagem por São Paulo durante este final de semana, conclui mais uma etapa do projeto “Cruzada pela Acessibilidade que está previsto para terminar no dia 21 de setembro deste ano.
Caminhando até 12 horas por dia, enfrentando chuvas, temperaturas de até 40 graus e percorrendo de 30 a 50 quilômetros, o ativista mineiro José Geraldo de Souza Castro (Zé do Pedal) 57, é membro do Lions Clube de Viçosa, cidade mineira. Sua meta é percorrer os 10.700 km que separam as fronteiras entre o Monte Caburaí em Roraima, percorrendo 20 estados até chegar ao município de Chuí, no Rio Grande do Sul.
Pregando a consciência em respeito ao próximo, “cujos movimentos provisórios ou definitivamente o impossibilitem de andar”, durante o seu percurso – que já o levou a cruzar o Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Goiás, Brasílias, Minas Gerais, Rio de Janeiro – Zé do Pedal ressalta que “o sacrifício de cobrir a distância entre os extremos do País, para os chamados ‘perfeitos’, é muito menor do que o percurso entre dois quarteirões de muitas cidades, para quem depende de uma cadeira de rodas ou de muletas para se locomover”.
Saindo de São Paulo, às 6h24 da manhã de hoje (29/6), ele já estava em Juquitiba e amanhã segue na direção da cidade de Registro, onde deve chegar na próxima quarta-feira. “Depois Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Pelotas e Chuí”, prevê.

Acesso negado: No Anhembi, a movimentação e acessibilidade também encontram dificuldades. Foto: divulgação
Cruzada pela Acessibilidade
O projeto “Cruzada Pela Acessibilidade” teve sua semente lançada em junho de 2008, quando o mineiro viajou em um kart a pedal de Paris a Johanesburgo. Na passagem pela cidade de León, no caminho francês da rota de peregrinação de Santiago de Compostela, em um dado momento, ouviu uma voz feminina dizendo “no puedo” (não posso). Olhou e viu uma jovem em uma cadeira de rodas tentando subir uma rampa que possuía um pequeno degrau.
Com a ajuda de outras pessoas a jovem conseguiu seu intento, mas a privação da liberdade, aliada à dependência da boa vontade alheia, tocou o coração do aventureiro: “As barreiras naturais são obstáculos para todos. Porém, as arquitetônicas, instaladas em concretos nas calçadas, edificações e ruas de cidades são obras do homem. Se o homem consegue interferir nas obras de Deus, porque não interferir nas 'fabricadas por ele', o homem?”, concluiu o humanista.
De acordo com o ativista, o projeto, tem como objetivo precípuo entregar, nas Câmaras Legislativas dos Municípios visitados, uma proposta de Projeto-Lei sobre Normas de Acessibilidade e outra para a criação de Conselhos Municipais dos Direitos da pessoa com Deficiência e o de conscientizar as pessoas, principalmente aquelas com poderes de decisão, a terem mais respeito com as pessoas deficientes – “hoje em dia pode-se ver pessoas em cadeiras de rodas impossibilitadas de entrar em um banco ou setor publico, por falta de rampas de acesso ou de elevadores”, demnstra.
“E, projetar uma imagem diferente das pessoas com deficiências que não gere pena, senão Igualdade – Dignidade – Respeito, pois apenas eliminando as barreiras arquitetônicas e sociais que dificultam às pessoas deficientes a participarem ativamente em todos os aspectos da vida social teremos um mundo mais justo e mais humano”.
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