Sábado, 9 de julho de 2016, às 06h40

Anos atrás, quando Mario Covas, então Governador de São Paulo, havia decretado feriado o dia 9 de julho, em comemoração da Revolução de 32, fiquei tentando imaginar qual a motivação de tal ato.

por Neide Lopes Ciarlariello


Então fui buscar nos livros, para relembrar um pouco da história de São Paulo, e na memória, uma palestra de Afrânio Gomar que assisti no Clube Piratininga há alguns anos, sobre a memorável data de 9 de julho.

 

Mulheres marcham ao lado de soldados. Foto: Acervo do MIS

Mulheres marcham ao lado de soldados. Foto: Acervo do MIS

 

“Enquanto existir saudade,
Enquanto houver esperança,
Enquanto os mortos velarem,
– É sempre 9 de julho”

                                           (Paulo Bonfim)

São Paulo se ergueu, de armas na mão, contra uma ditadura deletéria. As forças paulistas se armaram contra a relutância da promulgação da nova Constituição, e ardeu no solo bandeirante a chama constitucionalista. Fomos atacados pelos gaúchos e fluminenses, sofremos pesado bombardeio aéreo e reagimos com o apoio de toda população.

Os acontecimentos se iniciaram em 23 de maio e a revolução explodiu na noite de 9 de julho até outubro quando os paulistas se renderam.

Vocês já perceberam que não sou política, nem historiadora, mas mesmo assim encontrei inúmeras e bem fundadas razões para que o 9 de julho fosse comemorado solenemente.

Segundo Sampaio Doria “velhos, moços, crianças e Mulheres se mobilizaram num só impulso, numa mesma alma e coração”.

Plínio Barreto reforçou: “Ao lado da intrepidez vigorosa dos homens colocava-se a bravura encantadora das Mulheres. A Mulher tornou-se a chispa que ascendeu e conservou o fogo sagrado do ideal que fez vibrar a alma popular”. E teria dito, o então governador militar do estado, General Waldomiro de Lima: “Bastam doze Mulheres de São Paulo para abalar o Brasil”.

J. Rodrigues, na sua obra “A Mulher Paulista no Movimento Pró-Constituinte”, registrou que a Mulher Paulista estava na Cruz Vermelha, Cruz Verde do Centro do Professorado, Cruz Azul, Departamento de Assistência Civil, Cruzada Pró Infância, Liga das Senhoras Católicas.

As Mulheres davam assistência às famílias onde os homens haviam seguido para o campo de batalha, assistiam os mutilados na mantença de seus lares com mantimentos, leite, mamadeiras, roupas e medicamentos.

A Federação Internacional Feminina recolhia, na Casa da Criança, os filhos dos soldados que tombaram. A mulher paulista se mobilizou formando a Liga Feminina da Defesa Nacional, e substituíram os homens nas repartições públicas e nos escritórios, para lhes assegurar o salário e o emprego. Bendita Mulher paulista!

As paulistas de toda etnia e idade, se irmanaram diante do ideal constitucionalista, e a Mulher paulista negra, montou seu quartel general na Chácara do Carvalho, fazendo jus a estas palavras: “Serás, ó mulher de cor, na história de Piratininga um dos diademas refulgentes a cingir a sua fronte augusta”.

Vinte e sete funcionárias do Instituto do Café do Estado de São Paulo, doaram a quantia correspondente a um dia de seu trabalho, em prol dos soldados constitucionalistas.

Como muito bem lembrou Afrânio Gomar: “A mulher paulista na Revolução de 32 foi inexcedível, foi espartana”. Dentre elas algumas se destacaram pela liderança, e a crença no ideal constitucionalista levou uma delas a saudar os voluntários que se encontravam aquartelados na Faculdade de Direito: “… lembrai-vos de que o nosso sangue vale muito menos que a honra de São Paulo”.

 

Lucilla Novaes Prado, aos 91 anos, mostra o capacete da Revolução de 32. Moradora do Tatuapé, tinha orgulho de ter sobrevivido aos combates e atuado em Santos, São Vicente e Praia Grande. Foto: aloimage


Leia sobre Lucilla Novaes Prado em:
A Mulher na Revolução de 32


 

Em “Chorando e Rindo”, Cornélio Pires conta que uma mãe paulista velando o corpo do filho morto na revolução, mantinha-se curvada e triste, e alguém, tocando-lhe suavemente no ombro, procurou consolá-la:
– “Minha senhora, não chore…” – e ela, erguendo altiva o busto, com os olhos enxutos e brilhantes, respondeu:
– Eu não estou chorando! Estava olhando para o cadáver de meu filho e pensando porque Deus não me deu mais vinte filhos como este, para defender São Paulo! Diante da Pátria não se chora!!”

A vibração cívica no momento foi tal, que 56 rapazes incontinentes se apresentaram como voluntários para substituir o paulista morto.

Se não houvesse nenhuma outra motivação para que 9 de julho fosse feriado, a grandeza da Mulher Paulista já seria o suficiente.

Mulher Paulista
(Aécio de Féo Flora)

Herdeira, valente,
De quem, descendeste,
Eu posso saber?
Donde essa bravura,
Donde essa ternura,
Donde essa consciência
Que tens do dever?

És o Brasil que bem nasceu dessas misturas!…
Fino rebento de uma união de raças puras,
Figura viva de uma tela realista!
E o pavilhão em branco e preto de tua terra
Com o vermelho compõe tríade que encerra
O teu retrato mais fiel Mulher Paulista!

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