Segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017, às 19h17


Depois de anos persistindo, dentista faz de sua ideia uma lucrativa empresa que traz benefícios a centenas de municípios, combatendo as cáries, leia a reportagem.

Do Pesquisa para Inovação da Fapesp

No final dos anos 1990, Fabiano Vieira Vilhena, recém-formado em Odontologia pela Universidade Federal de Alfenas, foi trabalhar como dentista na prefeitura de General Carneiro, no Mato Grosso. “A cidade tinha então 10 mil habitantes, muitos deles indígenas, que faziam filas para serem atendidas”, ele lembra. Sem recursos para oferecer um tratamento adequado e impossibilitado de atender toda a demanda, começou a pensar numa maneira de “levar saúde bucal à população sem a presença do dentista”.

A resposta ele encontraria anos depois com a criação da Oralls – Inovação em Saúde Bucal, empresa que incorpora conceitos de prevenção, educação e sustentabilidade em kits de higiene e saúde bucal distribuídos em escolas públicas e privadas e prefeituras, num total de 500 clientes. “Atendemos, atualmente, 2 milhões de crianças”, contabiliza Vilhena.

 

Kit também incorpora material educativo e DVD, utilizando noções de sustentabilidade . Foto: divulgação / Fapesp

Kit também incorpora material educativo e DVD, utilizando noções de sustentabilidade . Foto: divulgação / Fapesp

 

Criada em 2002, a Oralls permaneceu em estado de “latência”, como ele diz, até 2006, quando ficou pronta a primeira versão do Kit Coletivo Escovinha, resultado de sua tese de mestrado na Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (USP) em Bauru. Em 2009, a Oralls passou a contar com o apoio do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), da FAPESP, para desenvolver um dentifrício especial que passou a integrar os kits. Instalada no Parque Tecnológico de São José dos Campos, a empresa faturou R$ 1,6 milhão em 2016.

A ideia de utilizar um kit para promover a saúde dental e, ao mesmo tempo, transformá-lo no carro-chefe da linha de produtos da empresa, ganhou forma aos poucos. A primeira versão era simples: uma bandeja de plástico com 20 porta-escovas e um gel “ardido”. Não era um produto “ideal”, mas foi suficiente para que Vilhena conseguisse incubar a Oralls no Parque Tecnológicos de São José dos Campos.

“Fiz treinamento no Sebrae, melhorei a técnica de fixação do porta-escovas, desenvolvi suportes mais adequados e passei a trabalhar com o conceito de odontologia preventiva”, afirma Vilhena. Foi então que surgiu a ideia do gel dental – acidulado e com a composição de flúor com maior potencial de proteção contra cáries – tema de sua tese de doutorado também na USP de Bauru, com bolsa da FAPESP.

Desenvolvido em conjunto com Marília Afonso Rabelo Buzalaf, da USP de Bauru – orientadora de seu doutorado –, o produto contou com o apoio do PIPE para o desenvolvimento de estudos clínicos e testes de formulações , antes de ser incorporado ao kit a partir de 2013.

“Encontramos a fórmula perfeita para maximizar o efeito anticárie e, ao mesmo tempo, minimizar os riscos da ingestão de flúor pelas crianças”, diz. A fórmula resultou no depósito de uma patente no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

O novo produto foi o mote para que Vilhena reformulasse o kit. “Incorporei material educativo e DVD, desenvolvi novos conceitos e ferramentas lúdicas, além de noções de sustentabilidade. Tudo isso numa caixa colorida que se transforma num tabuleiro de jogos”, ele descreve.

Em 2014, o Kit Coletivo Escovinha foi o vencedor nacional do Prêmio Finep Inovação 2014 na categoria Invento Inovador. Dois anos depois Vilhena teve aprovado projeto no âmbito do Programa PIPE/PAPPE Subvenção – uma parceria entre a FAPESP e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). “A ideia é validar o kit para obter o registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária”, explica Vilhena.

A expectativa é que, com o apoio do PIPE/PAPPE, o kit também atraia investidores e recursos que lhe permitam ampliar a escala de produção. “O custo de operação é baixo, trabalhamos com moldes e terceirizamos a produção. As margens de lucro são altas”, garante.

Startup desenvolve sistema de reconhecimento biométrico combinando face e íris. Iimagem: Leszeck Leszczynski via Flickr Creative Commons

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