Domingo | 12 de setembro, 2021


Time do bairro Penha na zona leste da cidade, foi fundado em 1962 por Julio Botelho, no auge da carreira desse que é considerado pelos analistas esportivos um dos maiores pontas direita do futebol brasileiro e mundial.

Gerson Soares


O time veterano do União Rio Branco E. C. acaba de realizar sua primeira partida de futebol no novo campo de grama sintética recém-inaugurado no bairro da Penha, Capital paulista, na manhã ensolarada deste domingo (12). O jogo foi contra o tradicional time do E.C. Noroeste da Vila Formosa, outro gigante da várzea. Em seguida, o time principal do URB entrou em campo contra o Só Qualidade F.C. de Artur Alvim e a comemoração pela conquista continua com a tradicional churrascada.

O clube que no ano que vem completará 60 anos está comemorando sua nova fase que teve início no dia 13 de agosto de 2021, com a inauguração do Centro da Comunidade (CDC) Julio Botelho. Depois de uma longa tramitação que envolveu o assédio de construtoras pela área e as obras do metrô, finalmente o CDC foi oficializado pela Prefeitura.


Leia a história dos 50 anos do União Rio Branco


A organização do time ficou para Amândio Martins, veterano do clube, que articula em todas as esferas sempre pelo bem da agremiação e hoje ofereceu um café da manhã antes do jogo à beira do campo. Depois das partidas o tradicional churrasco também foi anunciado por ele.

“O nosso desafio agora é dar sequência a essa conquista, trazer mais gente do clube e continuar o trabalho”, disse o atual presidente Pintinho, antes da oração feita pelos integrantes já no interior do gramado.

 

Integrantes do URB antes da partida inaugural do time de veteranos no novo gramado sintético. Foto: aloimage

 

Agradecimentos

Após a liberação da verba de 1,5 milhão pela Prefeitura de São Paulo, as obras que tiveram início em janeiro deste ano ficaram a cargo da Subprefeitura Penha. Faixas de agradecimento aos órgãos municipais e ao vereador João Jorge puderam ser vistas hoje no alambrado. Essa conquista foi orquestrada no Rio Branco sob a presidência de Marcio Ferreira e sua diretoria.

“Isso que nós ganhamos foi um trabalho que começou há 40 anos, desde que o Rio Branco está aqui, quando o seu Julio montou. Eu e minha diretoria assumimos há 5 anos e estava muito difícil porque tinha processo judicial, grileiros queriam tomar o terreno, recebemos propostas milionários para que a gente saísse daqui”, revela o ex-presidente Ferreira.

Enfrentando os desafios jurídicos com advogado contratado e pago por amigos e integrantes do time, o clube conseguiu superar os recursos impetrados por empresas interessadas na área e conseguiu superar os obstáculos para manter a tradição varzeana.

“Em 2018, a emenda parlamentar que viabilizou o projeto foi do vereador João Jorge, destinando a verba para iluminação, grama sintética, gradil”, diz Márcio Ferreira. “Mas veio a pandemia, recursos na justiça de quem não aceitava, até que em 2020 saiu a verba”, conta.

 

Pontapé inicial da partida no novo campo sintético do URB: time de veteranos do União Rio Branco E. C. X veteranos do E. C. Noroeste de Vila Formosa. Foto: aloimage

 

Obstinação e exemplo

Quando tudo parecia resolvido, o caminho ainda não estava livre para o início das obras. “Quando saiu a verba eu fui chamado na Secretaria de Esportes e me disseram que tinham uma notícia ruim: ‘o metrô pediu sua área para fazer canteiro de obras’,” exaltou Ferreira ao lado do também ex-presidente Cabeção.

Mesmo assim, ele e sua diretoria não desistiram. Segundo Marcio, em dezembro, com o vereador pressionando, finalmente as obras tiveram início no dia 6 de janeiro de 2021 e foi entregue no dia 1º de junho. “Poucos acreditavam no projeto. Então quem vê isto aqui agora, que para nós é um orgulho, quem vê pronto, não sabe como foi difícil, o quanto nós batalhamos para existir este CDC”, exalta Ferreira.

 

história: Esta bandeira começou a ser autografada durante a comemoração dos 50 anos do União Rio Branco, numa iniciativa do veterano Amândio Martins, então coordenador do Projeto Cinquentenário do Clube. Hoje, com novas assinaturas, podia ser vista no CDC. Foto: aloimage

 

Final feliz

A tendência do local era seguir para o mercado imobiliário, se o União Rio Branco não batalhasse pela sua área. Fato que ocorre há décadas na Capital, os campos de futebol varzeano simplesmente foram desaparecendo dando lugar a edifícios ou projetos urbanísticos. Poucos remanescentes desse costume tão enraizado do povo brasileiro ainda sobrevivem, graças a essas tenazes agremiações.

Alegria, brincadeiras e contrafraternização, alguns entreveros entre jogadores adversários durante as partidas de futebol – que geralmente terminam com aperto de mãos e um copo de cerveja –, todo o enredo e o folclore que envolve gerações semanalmente agora poderá ser mantido na Penha, um dos bairros mais tradicionais da cidade. O futebol em São Paulo começou oficialmente em 1902, com os primeiros jogos do Campeonato Paulista, há exatos 119 anos.