Quarta-feira, 20 de junho de 2018 às 19h29


Mais de uma vez já alertamos para o problema que se agrava nos baixos do Viaduto Bresser; no último final de semana uma manifestação provocou distúrbios na já conturbada Radial Leste.

Gerson Soares

Uma ação da Polícia Militar junto aos moradores da “Favela do Cimento” – como a chamou o Sub Comandante do 45º BPM/M – provocou uma grande confusão na Radial Leste no último sábado (18), mas na verdade demonstra o descontrole que vai se agravando devido ao aumento de moradores e pessoas que se infiltram, mesmo sem residirem no local.

 

Perigo na porta: barracos improvisados ficam ao lado de uma das mais movimentadas vias de São Paulo, onde as multas são diárias. Motoristas correm risco e moradores sem teto também. Tudo isso acontece ao lado da Subprefeitura Mooca há tempos, e só aumentam. Foto: aloimage (arquivo)

 

No dia 23 de fevereiro, em reunião com o prefeito regional Mooca, Paulo Sérgio Criscuolo, ele esclareceu que são diversos os atores envolvidos na solução do problema que envolve os moradores, mas que havia um trabalho bem planejado envolvendo seis secretarias municipais. A frase dita por ele naquela oportunidade foi repetida hoje pela Assessoria de Comunicação do órgão que nos informou que existem 80 famílias no local e que não é tão simples transferi-los ou simplesmente desalojá-los. “Você tirou [os moradores] também precisa colocar em algum lugar”. Alguns não aceitam ser transferidos para os locais indicados pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e o problema persiste.

O problema toma proporções cada vez maiores e a pressão das redes sociais e da imprensa chegou ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), depois da confusão que foi chamada de arrastão pelos populares, o que fez a juíza Maria Gabriela Pavlópoulos Spaolonzi, da 13ª Vara da Fazenda Pública da Capital, abrir um processo dando um prazo de 20 dias para que a Prefeitura de São Paulo forneça informações a respeito dessa ocupação. Conforme divulgado pela TJSP, a decisão foi proferida em processo de reintegração de posse, que estava suspenso por 60 dias, a pedido da Municipalidade, para instalação de um Centro de Acolhida Especial, visando atendimento prioritário às famílias que estão no local.

Providências

“Não se pode afirmar que os graves fatos que se repetem na região sejam de autoria exclusiva dos invasores, mas é fato sabido que a estrutura local, afetada pelas circunstâncias socioeconômicas, muito agrava e compromete a segurança de todos os transeuntes e, inclusive, dos ocupantes de boa-fé da mesma região”, despachou a juíza, depois da juntada ao processo do vídeo que mostrava o desespero dos motoristas com medo de serem atacados.

Continuando em seu despacho, Pavlópoulos determinou que a Prefeitura informe se há continuidade de pagamentos de auxílio-moradia a ocupantes e se, mesmo assim, os beneficiários continuam ocupando a área do Viaduto Bresser. Nessa hipótese, deve informar quais as providências pretendidas pela Municipalidade para a suspensão de tais pagamentos. Além disso, será intimado o “secretário da Segurança Pública para que informe as providências adotadas para majoração da segurança local”, dando-se ciência ao governador. As partes também serão consultadas sobre eventual interesse de realização de audiência de tentativa de conciliação.

 

Confusão na Radial Leste: motoristas cruzam o canteiro central para fugir do que seria um arrastão. Foto: reprodução

 

A assessoria de imprensa da Prefeitura Regional Mooca, informou hoje (20) que está em fase de acabamento um CTA (Centro Transitório de Acolhimento) na região do Canindé para o qual serão transferidas as 80 famílias que estão alojadas ao lado do Viaduto Bresser. Essa notícia, no entanto, já vem carregada das mesmas circunstâncias que levam aos constantes adiamentos, a participação de várias secretarias na solução do problema.

A impressão que fica é que as mesmas não falam a mesma língua ou a burocracia supera as tratativas que vêm se arrastando desde a gestão anterior, quando o prefeito era Fernando Haddad. João Dória assumiu e já deixou o cargo para candidatar-se ao Governo do Estado; o prefeito regional foi trocado por ele enquanto Prefeito, que também mudou o nome do órgão de Subprefeitura Mooca para o atual, mas questões como esta ou a do CEU Carrão (saiba mais) continuam sendo adiadas ad aeternum. Talvez, agora, com este assunto chegando ao Tribunal de Justiça, o processo de resolução seja acelerado.

Assista ao vídeo (retiramos o áudio por conter palavras impróprias).


"Comunidade do Asfalto": confusão na Radial Leste

Publicado em 20 de jun de 2018

Mais um processo de favelização que só aumenta: Rua Alfredo de Franco na Penha. Carros abandonados no canteiro central. Foto: aloimage

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