Sexta-feira | 29 de janeiro, 2021
Com o final do recesso parlamentar, espera-se que os congressistas brasileiros simplesmente trabalhem e discutam as propostas de privatizações e reformas que só dependem deles. Em 2020, os parlamentares custaram ao povo brasileiro – não perca a conta – o equivalente a R$ 10.859.209.416 bilhões de reais.
Gerson Soares
No início de 2020, o Brasil foi acometido pela pandemia de coronavírus e no final do ano por pouco o pleito municipal não foi suspenso devido a isso. Diante de tais fatores, o Congresso Nacional não pautou a maioria das propostas importantes para o país. Tendo como presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, Rodrigo Maia (DEM) e Davi Alcolumbre (DEM) respectivamente, o que se viu foi mais um ano de pinimbas entre os poderes Legislativo, Judiciário e Executivo.
Uma das pautas econômicas mais importantes no que diz respeito às privatizações é a capitalização da Eletrobrás, tida como a joia da coroa entre as estatais que poderão ser privatizadas de acordo com o Ministério da Economia. O presidente Jair Bolsonaro assinou o Projeto de Lei que foi enviado ao Legislativo no dia 5 de novembro de 2020 e até agora nada foi discutido.
Lentidão
Na segunda-feira (25), o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, pediu demissão do cargo e tudo leva a crer que o motivo foi a demora para que as discussões sobre o assunto tivessem início no Congresso. O mesmo motivo provocou a saída do ex-secretário de Desestatização, Salim Mattar, da equipe chefiada por Paulo Guedes em agosto do ano passado. Segundo Mattar, no que diz respeito às privatizações, disse em entrevista à Jovem Pan que “as bancadas na Câmara dos Deputados e no Senado agem de acordo com seus interesses e impediam que pautas consideradas importantes por ele fossem votadas”.
Enquanto o assunto permanecia engavetado pelos presidentes da Câmara e do Senado, ambos se concentram em arregimentar apoio para criar precedentes à Constituição no intuito de se manterem nos cargos, sem sucesso. A eleição para os cargos que ocupam e as intrigas palacianas foram os únicos assuntos em pauta desde o final do ano passado e ainda permanecem. Felizmente, no próximo dia 1º de fevereiro haverá eleição no Senado e no dia seguinte a Câmara poderá eleger seu novo presidente.
As reformas e Delfim Netto
Em 1997, fui indicado para exercer a função de assessor de imprensa da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) Distrital Tatuapé, durante o biênio 1998/1999 – serviço voluntário, sem remuneração. No dia 14 de setembro de 1998, com a “casa cheia”, recebemos o ex-ministro Delfim Netto para falar sobre o “Plano Real e a Economia brasileira”. Ele começou lembrando seus laços com a ACSP onde foi assessor de 1951 a 1966. Entre os assuntos abordados, o professor de Economia falou sobre reformas, inclusive a necessidade de uma reforma política.
Questionado por mim sobre a reforma tributária e se isso seria uma solução para a estabilização do quadro econômico do país, Delfim Netto disse que “sim, pois o objetivo é eliminar as distorções no sistema de preços, estimular o trabalho, reduzir a tributação sobre o capital e aumentar o consumo”. Estávamos em ano eleitoral e o professor alertou: “Vale insistir, mesmo assim é melhor aguardar a próxima legislatura para que a reforma, mal chegando, não venha a precisar logo de outra”.
O tempo passa e o Brasil patina
Legislaturas e mais legislaturas já passaram durante os 23 anos que vieram depois daquela entrevista e até agora o Congresso Nacional não conseguiu apresentar políticas que estimulem investimentos sólidos no país, ao contrário. Os constantes escândalos de corrupção do passado e aumentos da carga tributária continuam, a fim de sustentar uma máquina caótica, cercada de burocracias, futilidades, interesses pessoais e mordomias que envolve os três poderes.
Uma onda de patriotismo trouxe alento com a eleição de Jair Bolsonaro. O primeiro mês de 2021 está indo embora, mas o Brasil permanece a mercê da pandemia e de uma epidemia antinacionalista que afeta boa parte da classe política. A Covid-19 já tem vacina e há de passar. Todavia, essa doença que atrasa o país em nome dos interesses escusos ainda carece de remédio. O Brasil precisa de reformas, já! Entre elas a política. Erradicando a parte que só pensa em si e nos custa caríssimo, o país poderá finalmente decolar.
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