Sábado, 24 de dezembro de 2016, às 19h05
Esse foi o clima que norteou a retirada do antigo tatame da Xtreme Gold Team: bom humor, pizzas e muito suor.
Gerson Soares
Para quem teve condições de dar uma passada no Centro de Treinamento Xtreme, desde a noite até o início da madrugada, fosse para treinar ou ajudar na remoção do tatame sabe que a frase extrovertida do Tico – aluno de Jiu Jitsu da academia – se não faz muito sentido para não praticantes do esporte, pelo menos é um incentivo aos treinos. “Se não aprender o Jiu Jitsu agora, não aprendo mais”, disse pingando suor ao carregar mais um saco cheio de raspas de pneus que revestiam o local, e completou: “Estou até comendo tatame”.

Velho tatame sendo removido da mesma forma que chegou há mais de 20 anos: pelas mãos dos alunos. Foto: aloimage
Assim como o Tico, vários alunos da Xtreme literalmente respiraram e engoliram o pó do velho tatame que subia a cada momento, vários estavam lá para ajudar na árdua tarefa que começou às 19h do dia 8 e só terminou às 2h da madrugada, já no dia 9 de dezembro, com a presença do mestre Pedra – que esteve ao lado de vassouras, rodos, pás e enxadas, onde normalmente estão seus alunos de kimonos. “Quem treina aqui e compartilhou esse momento foi uma sensação diferente, ver o velho tatame ir embora por um tubo, desfazendo-se na caçamba de um caminhão”, comentou um aluno.
Na verdade o velho tatame continuará vivo em outras academias de Jiu Jitsu, uma em Ilha Bela e outra em São Paulo, onde será refeito e continuará sendo reverenciado. O líder da Xtreme, mestre Pedra, observou em uma das suas aulas que foi naquele tatame onde construiu sua carreira e obteve muitas conquistas. “Eu nem sei como vou reagir”, observou dias antes da remoção, referindo-se à visão de ter aquela estrutura literalmente desmanchada.
Veja todas as imagens na nossa página do Flickr: baixe e compartilhe Flickr Alô Tatuapé
Mas com união (algumas cervejas) e pizzas, não há árdua tarefa que resista! O bom humor marcou do começo ao fim o trabalho dos alunos. Ao encherem ou despejarem os sacos de farinha, com as raspas de pneus, uma mistura foi tingindo todos eles, num misto de restos de farinha e pó de pneu com tatame – ou seria o contrário?! Na verdade ninguém saiu ileso, pareciam mais mineradores de carvão num carregamento de farinha...
Após sete horas de trabalho, um caminhão baú lotado com sua carga preciosa saindo para o litoral Norte paulista e outro caminhão caçamba basculante também repleto de raspas de pneus, o serviço terminou. O piso foi varrido e preparado para que no dia seguinte, após uma faxina final, o novo tatame fosse instalado. Este, um modelo mais moderno, seguindo os padrões olímpicos, num investimento de porte da academia, destinado principalmente às aulas de Jiu Jitsu e Judô.
O Tico, foi um dos alunos da Xtreme que ficaram até às 2h da madrugada. À sua maneira, ele poderia simbolizar a garra e a honra que todos demonstraram ao lidarem com aquele pequeno pedaço de chão e a simples cobertura de lona, que sob seu aspecto surrado, guardava centenas de milhares de horas de aprendizado. Apesar do bom humor, para os atletas que treinam Artes Marciais, dentre elas o Jiu Jitsu, um Dojô e o tatame são templos sagrados de aperefeiçoamento constante e respeito.
Leia mais sobre
ARTES MARCIAIS
Leia as últimas publicações