Há mais de duas décadas, a revista Alô Tatuapé se dedica ao passado histórico, fazendo levantamentos e garimpando as imagens remanescentes do bairro, que teve grande importância no desbravamento do interior, graças também à sua proximidade com o Rio Tietê.

Gerson Soares
Edição de imagens: aloimage

Segundo o historiador Wanderley dos Santos, a origem do Tatuapé remonta à colonização de São Paulo e a concessão de Sesmaria a Brás Cubas, fidalgo e explorador português, que em 1536, desenvolveu a produção de cana-de-açúcar na recém-formada Capitania de São Vicente, aonde se tornou Capitão-mor em 1543. Sendo o maior proprietário de terras da baixada santista fundou o porto, uma capela e a Santa Casa de Misericórdia de todos os Santos – hospital que existe até hoje. Essas obras dariam origem a uma vila e depois à cidade de Santos. Em breve, a determinação em escravizar os índios teria sido motivo para o surgimento da Confederação dos Tamoios, que levou vários chefes nativos a declarar guerra aos portugueses. E essa é mais uma longa história.

Sobre o Tatuapé, consta que entre 1567 e 1593 aparece com o nome de Piqueri, daí o nome de um parque do bairro, que antes de se tornar um local público pertencia à Família Matarazzo. Por ser tão antigo e ter como referência o Rio Tietê, os caminhos da colonização e desbravamento percorrido pelas Bandeiras e Monções passaram por estas terras e a Casa do Tatuapé, na época erguida numa várzea do rio (que fica na Rua Guabijú, 49 – entre a Av. Celso Garcia próx. à Av. Salim Farah Maluf, e a Rua Ulisses Cruz), é apenas uma das marcas deixadas por eles.


Saiba mais sobre o Tatuapé no livro Memórias do Tatuapé


 

Porto de areia existente no Tatuapé. Foto: Secretaria da Cultura / PMSP

 

 

Portanto, para falar do Tatuapé e conhecer melhor o seu passado, voltamo-nos também para a história de São Paulo e do Rio Tietê. Suas águas começaram a sofrer com a urbanização da cidade, a partir das primeiras décadas do Século XX. Quase um século depois, a sociedade, cientistas e tantos outros grupos iniciam movimentos permanentes para ajudar o Tietê passar por São Paulo sem maltratá-lo.

Foi no século passado que a administração da cidade preferiu priorizar os transportes, desviando-se do projeto de um renomado engenheiro sanitarista brasileiro: Saturnino de Brito. Respeitado internacionalmente e tendo suas idéias implantadas em países como E.U.A. e França, por aqui perdeu para os interesses econômicos e imobiliários. As consequências ecológicas e outros fatos são brilhantemente comentados nesta reportagem num artigo da emérita professora Paula Beiguelman da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP).

As pedras e a areia do Tietê foram largamente usadas pela construção civil na cidade ajudando a impulsionar seu crescimento, até que no final da década dos anos 30 e início dos 40, também essa contribuição do rio se expirasse e fosse substituída por outros produtos como a brita e nesse sentido temos a contribuição das pedreiras, nesta edição conheceremos a Pedreira Santa Isabel, que existe há quase 100 anos.

Os nossos agradecimentos ao professor Norival Palumbo, mantenedor do Colégio Lumière, à redação da revista Ciência e Cultura da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a Ademir Matheus pelo seu entusiasmo à divulgação da história de São Paulo e especialmente ao professor Fausto Henrique G. Nogueira – graduado em História pela Universidade de São Paulo (1990) e mestrado em História Social pela Universidade de São Paulo (2002). Atualmente faz seu doutorado em História Social pela mesma universidade. Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo desde 2004.

 

Ponte das Bandeiras construção na marginal do Rio Tietê, por volta de 1940. A inauguração contou com uma das últimas regatas que o rio veria e a presença de figuras ilustres como o presidente Getúlio Vargas. Esta ponte substituiu a antiga Ponte Grande que veremos em várias fotos durante esta reportagem.