“O senhor deveria estar preso”, disse ao presidente do Sindnapi, convocado nesta quinta-feira (9). A Polícia Federal (PF) realizou 66 mandatos de busca.
O relator da comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) que investiga as fraudes no INSS, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), acusou o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi) de compor uma organização criminosa. A acusação foi feita ao presidente do sindicato, Milton Baptista de Souza Filho, durante seu depoimento nesta quinta-feira (9).
Gaspar afirmou que o Sindnapi recebeu R$ 600 milhões nos últimos 11 anos e calculou que a entidade foi a que mais recebeu verbas do esquema, que funcionava da seguinte forma: quando os aposentados do INSS buscavam empréstimos consignados, automaticamente se filiavam ao Sindnapi sem saber. A partir desse cadastro, o sindicato descontava uma mensalidade. A prática seria legal apenas se houvesse autorização por parte dos beneficiários, o que não ocorria.
“A partir da chegada dele [Baptista] à vice-presidência, o Sindnapi deu um salto exponencial [nos valores descontados]. O cidadão ia à loja da Help! para pegar empréstimo consignado e já saía de lá associado ao Sindnapi sem saber. Cada aposentado arrecadado representava uma comissão de R$ 6 a R$ 7. Eles montaram uma organização criminosa em circuito fechado com esse dinheiro voltando para o sindicato. O senhor devia estar preso”, disse o relator ao convocado.
Mandados de busca
A Polícia Federal realizou 66 mandados de busca e apreensão no âmbito da Operação Sem Desconto, incluindo o Sindnapi. A casa de Baptista foi arrombada pela PF nesta manhã, informou seu advogado Bruno Garcia Borragine.
A operação investiga, desde abril de 2025, associações acusadas de falsificar autorizações de idosos. Os documentos eram usados para que o INSS descontasse automaticamente, das aposentadorias e pensões, a mensalidade associativa. Para isso, cerca de 40 entidades se utilizaram irregularmente de Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) com o órgão.
Os valores desviados iam para as associações sob justificativa de oferecer serviços diversos aos associados, o que não acontecia. No dia 2 de setembro, a CPMI pediu a prisão de 21 envolvidos ao STF. O prejuízo estimado foi de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024.
Com informações da Agência Senado
Destaque – Sessão da CPMI do INSS. Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado



