Ele apontou nomeações suspeitas e falou em esquema criminoso, durante a sessão de quinta-feira (2) da CPMI do INSS, em que compareceu o ministro da CGU.


Durante o depoimento do ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinícius Marques de Carvalho, à CPMI do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), o senador Sergio Moro (União-PR) acusou o governo Lula de nomear uma quadrilha para cargos-chave do órgão e citou três nomes sob investigação da Polícia Federal por envolvimento no esquema de descontos associativos não autorizados aplicados em aposentadorias e pensões: o ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto; o ex-diretor de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão, André Fidelis; e o ex-procurador-geral, Virgílio Oliveira.

Citando os nomes dos indicados, disse: “Não vamos dourar a pílula. Foram colocados no comando do INSS durante o governo Lula. Contra eles, há indícios claros de suborno. E foi exatamente nesse período que os descontos fraudulentos cresceram exponencialmente.” O parlamentar argumentou que, em outros governos, não houve registros de subornos a dirigentes do INSS. “Se houver provas contra qualquer governo, que todos respondam. Mas, neste caso, a investigação aponta diretamente para esses três, nomeados sob Lula. É possível dizer que o governo colocou uma quadrilha no comando do INSS”, acusou.

Enquanto juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, durante a operação Lava-Jato, Sergio Moro condenou em primeira instância os crimes contra a Petrobras que ficaram conhecidos como ‘petrolão’. Durante o depoimento de Virgílio Oliveira à CPMI, ele comparou as fraudas contra os aposentados ao esquema de corrupção que causou prejuízos à Petrobras, vendo um padrão entre os casos quanto a nomeações comprometedoras em gestões petistas.

“Assim como foi feito na Petrobras durante o ‘petrolão’, agora se repete no INSS. A CGU até fez um trabalho técnico, mas o próprio ministro Ru Costa criticou a atuação do senhor por não comunicar autoridades superiores sobre o caso”, frisou.

Ao ser questionado pelo senador se havia informado outros membros do governo sobre as irregularidades, o ministro da CGU confirmou: “não comuniquei ninguém”, dizendo que havia uma investigação em curso.

 

Ministro da CGU durante sessão da CPMI do INSS. Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

 

Relator confronta ministro da CGU

O deputado Alfredo Gaspar (União-AL), relator da CPMI, também encontrou divergências nas falas do ministro da CGU quanto à responsabilidade do governo federal diante das fraudes que faziam descontos a beneficiários do INSS. O parlamentar mencionou uma entrevista de Vinícius Marques em junho, quando alegou que “todo mundo sabia do problema do INSS”, inclusive o ministro Rui Costa, da Casa Civil.

Gaspar mencionou outra entrevista, desta vez concedida por Costa, em que ele acusou a CGU de omissão e demora para agir após a auditoria de 2023. Questionado pelo relator sobre quando teve ciência do escândalo, Carvalho afirmou que teve conhecimento em março de 2024.

Em 2021, foram descontados R$ 536 milhões; em 2022, R$ 706 milhões; e em 2023, R$ 1,2 bilhão. Quase o dobro do ano anterior. Em 2024, a cifra alcançou R$ 2,8 bilhões. De acordo com os levantamentos, entre janeiro de 2023 e maio de 2024, o INSS recebeu 1 milhão de reclamações acerca de descontos indevidos. A notícia sobre a fraude, que, de acordo com a divulgação, ultrapassa 6 bilhões, mas apura-se um valor ainda maior, foi divulgada por Carvalho em abril de 2025.


Destaque – Em pronunciamento, à bancada, senador Sergio Moro (União-PR). Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado


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