Sábado, 21 de maio de 2016 às 17h20
A nova equipe do presidente em exercício Michel Temer, que assumiu no dia 12 de maio, tomou as rédeas ou o leme da gigantesca nau Brasil, antes totalmente desgovernada, um navio à deriva num mar agressivo aos despreparados para enfrentar o mundo mutável em que se vive atualmente. Mercados como o das novas tecnologias, podem ser criados e recriados a qualquer instante. A economia mundial, na qual o Brasil chegou a despontar há alguns anos, não é para amadores, assim como a política não deve ser castelo de guarida aos corruptos.
Gerson Soares
Efetivamente, desde o dia 16 de maio sob um novo comando – depois da brusca mudança de governo no dia 12 –, a política começa a tomar novos rumos e procura adquirir um pouco mais de educação e classe, já em alguns setores primordiais como o econômico e da justiça. Sim, parece que a qualquer momento, a falta dessas faculdades podia ser usada livremente pelo governo anterior e seus aliados, que com atitudes e atos, inconsequentes e descabidos, só depreciaram a nação.
Além do que, fazer política com um pouco de classe não faz mal a ninguém. Ter classe não significa: fazer concessões, deixar de tomar medidas difíceis, dar notícias ruins, nomear parentes ou apadrinhar aliados políticos. Ao assumir a presidência da Petrobras, Pedro Parente, indicado pelo presidente em exercício, já avisou: “Na Petrobras não haverá indicação política”. Classe também é serenidade e esse foi também um aviso à classe (de políticos e seus comparsas que arrasaram a companhia), dado com educação e firmeza.
Temer não diz que é o santo salvador da Pátria, mas sua equipe econômica dá sinais de percepções mais sensíveis aos anseios nacionais que abrangem todas as classes, inclusive a política. Ele também percebeu rapidamente a insatisfação das mulheres. Depois de enfrentar uma semana de críticas por não ter nomeado o gênero feminino em seu ministério – tentou, mas não deu certo –, o presidente em exercício fez a lição de casa e convidou-as todas, representadas pela ala feminina do parlamento, para uma reunião na quinta-feira, dia 19.
Pronto! Conseguiu contrariar a tendência de instalação de uma animosidade decantada diariamente por elas, que reclamavam, e agiu com habilidade ao informar que criará “mais à frente” um novo ministério para tratar das questões da mulher. Na base do diálogo, a bancada feminina da Câmara dos Deputados entendeu que, no momento, o mais importante é diminuir a máquina governamental. Sem perder a viagem, elas aproveitaram para indicar a coordenadora do PMDB Mulher, Fátima Pelaes, ao comando da Secretaria de Política para as Mulheres, vinculada ao Ministério da Justiça e ele disse que responderá nos próximos dias, além de pedir reformas políticas.
Nestes primeiros dias de governo, como era de se esperar de um líder político, fez o que tinha de fazer. Convidou os senadores para uma conversa na quarta-feira (18) e no mesmo dia contornou a resistência de artistas e servidores, afirmando que vai assegurar recursos para pagar as dívidas do Ministério da Cultura que passou à condição de Secretaria vinculada ao Ministério da Educação. Quem definiu Temer em palestra no início do mês de maio, antes mesmo de ele ter assumido o governo interinamente, foi Delfim Neto. Em artigo publicado pela Folha de São Paulo, disse: “É um dos últimos políticos do país que consegue fazer tricô com quatro agulhas”.
Uma boa equipe econômica trabalha com a realidade e não com promessas. Fazendo também a sua lição de casa, elaborou um levantamento sério da situação financeira do País e encontrou o dobro do déficit projetado pelo governo anterior – R$ 17,496 bi contra R$ 97. Com os números e a situação – ruim, mas conhecida – nas mãos, Meirelles tem voz de comando e conduz sua equipe. Temer, por sua vez, terá de cumprir as promessas feitas às mulheres, sob o risco de confusão ainda maior do que não ter conseguido encaixar nomes do gênero em seus ministérios. Um bom articulador sabe que não deve mexer com o humor delas, todas de uma vez então é suicídio. Com o apoio do Congresso e o voto de confiança da Nação, obter o apoio feminino também é essencial. Aliás, desde quando se nasce.
Leia mais sobre
OPINIÃO
Leia as últimas publicações