Quinta-feira, 8 de setembro de 2016, às 12h54
Com o lema “Todo mundo tem um coração”, cerimônia encanta o público com espetáculo inovador movido a show de luzes da arquibancada.
Rio 2016 | por André Naddeo
Megarrampa com mortal de um cadeirante; a musa Paralímpica dançando com uma máquina; um quebra-cabeças formando um coração pulsante. A cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos Rio 2016, na noite desta quarta-feira (7), no Maracanã, foi a síntese do grupo formado pelos diretores criativos Marcelo Rubens Paiva, Fred Gelli e Vik Muniz: um verdadeiro espetáculo de cores, luzes e sons, mas sobretudo de muito criatividade e sensibilidade.
Pelo telão, o público que lotou o Maracanã fez a contagem regressiva para, “britanicamente” às 18h15, a cerimônia começar com Sir. Philip Craven, presidente do Comitê Paralímpico Internacional (IPC) cinco vezes atleta Paralímpico no basquetebol em cadeira de rodas. No vídeo, do Reino Unido ao Brasil, Craven viaja até o Maracanã. Foi a deixa para um início de arrepiar.
As luzes se voltaram para a megarrampa, que levantou o público quando paratleta radical Aaaron Whelez acelerou sua cadeira de rodas para um mortal incrível. Início mais triunfante, impossível. Na sequência, a roda de samba com Pretinho da Serrinha, Diogo Nogueira e Monarco, entre outros, mostrou que “aqui é Brasil”. E a praia carioca representada pelo frescobol, altinha, vendedores de mate e surfistas trouxe um tom colorido que contrastou na medida certa com as luzes dos celulares das arquibancadas.
Juntos no palco, os dançarinos formaram um lindo mosaico do Brasil. Era a deixa para o maestro João Carlos Martins sentar-se ao seu piano de calda e executar uma primorosa versão do hino nacional brasileiro, mais melódica e sentimental. O público respeitou com silêncio antes da derradeira nota, que causou uma onda ensurdecedora de aplausos no Maracanã.
Tapete devidamente estendido, pois, para os verdadeiros heróis: os atletas Paralímpicos. Com direito ao mascote Vinícius fazendo as vezes de Gisele Bündchen, com o mesmo vestido usado pela modelo na cerimônia de abertura Olímpica. Ao lado, o fiel escudeiro Tom, mascote Paralímpico que agora assume o protagonismo nos Jogos. A cerimônia já estava “lacrada”, só que havia ainda muita emoção em jogo.
Cada uma das 164 delegações entravam em cena com o nome do país escrito numa peça de quebra-cabeças, com fotos de atletas Paralímpicos - obra original montada ao vivo pelo artista plástico brasileiro Vik Muniz, uma das surpresas guardadas a sete chaves da apresentação. Tudo isso enquanto uma linda “ola” dos espectadores causava uma incrível onda colorida nas arquibancadas, conforme se mudavam as luzes de projeção respeitando as cores de cada país anunciado.
Aos poucos, as imagens das credenciais de todos os atletas formam no palco um grande coração, com a derradeira peça do Brasil, o último país a entrar em cena ao som de “O Homem Falou”, de Gonzaguinha, música sobre união e diversidade. Claro, tudo aos gritos de “Brasil, Brasil” e muitos aplausos. Ao fim, com o próprio Vik Muniz carregando a última peça, estava formado o coração pulsante no centro do gramado. Estava mais do que claro, então, o lema da abertura Paralímpica: “Todo mundo tem um coração”. Com as batidas na projeção de luzes sendo seguidas por aplausos e mais aplausos.
“Construir um mundo mais acessível, fraterno, onde todos possam caminhar lado a lado sem obstáculos. É uma missão difícil que nos faz mais fortes. Quando todos duvidam, nós, brasileiros, crescemos”, discursou na sequência o presidente do Comitê Rio 2016, Carlos Nuzman.
Guias luminosos formaram na sequência um caleidoscópio humano auxiliado pelas milhares de luzes dos aparelhos celulares das arquibancadas - daquelas cenas que ficam para sempre na memória. Pela primeira vez ainda, os pictogramas Paralímpicos foram usados numa cerimônia de abertura num efeito brilhante e tridimensional. Pareciam se movimentar como paratletas em ação.
O que dizer então de Amy Purdy, a paratleta do snowboard, numa apresentação em ritmo de samba com uma… máquina? Seres humanos e tecnologia na perfeita simbiose que mudou a vida de tantas pessoas com deficiência, representadas aqui na dança entre bailarina e Kuka, o robô em formato de braço industrial que a reverencia. Este era um dos segredos também guardados e que fizeram, claro, todo o sentido.
Era a hora do desfecho de um grande espetáculo: entra em cena a chama Paralímpica, nas mãos dos maiores nomes brasileiros no para desporto. Primeiramente, de Antônio Delfino para Márcia Malsar, primeiro grande personagem do movimento Paralímpico no Brasil. Com muita dificuldade para caminhar e sob chuva, ela tropeçou e caiu. Dos momentos mais emocionantes da cerimônia, com o público a aplaudindo em pé até entregar, sem desistir, a tocha nas mãos de Ádria Rocha dos Santos.
Coube a Clodoaldo Silva, o ‘Tubarão’ da natação, com 13 medalhas no currículo, a missão e a honra de ver à sua frente o tablado se transformar numa rampa que o conduziu até a pira Paralímpica. A chuva forte era um obstáculo fácil de superar para quem já muito encarou nessa vida. Era o momento do deleite, da pira cinética impulsionada pelo vento levar ao mundo a mensagem: estão abertos oficialmente os Jogos Paralímpicos Rio-2016.
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