Sexta-feira, 9 de dezembro de 2016, às 12h49
Depois de livrar-se do afastamento da presidência do Senado, ameniza rebeldia que o levou a pautar projeto em represália ao STF, que por consequência atinge autoridades em diversos níveis.
Gerson Soares
A 1ª faceta expõe o rebelde, que antes de se recusar a receber a notificação do Supremo Tribunal Federal (STF) na noite de segunda-feira (5), afastando-o da presidência do Senado Federal, por conseguinte do Congresso Nacional e impedindo-o de assumir a presidência da República, havia pautado um Projeto de Lei do Senado (PLS) que trata do Abuso de Autoridade. O PLS 280/2016 foi visto como uma represália ao STF que dias antes aceitara a denúncia contra ele por Peculato.
Na 2ª fase, Renan entra num entrave jurídico para se livrar da pecha de presidente afastado do Senado por ser réu e consegue, em meio a ações políticas, impetrar recurso no STF contra a liminar do ministro Marco Aurélio Mello que o afastaria da presidência do Senado. Por sua vez, nesta quarta-feira (7), o STF recolheu as garras e resolveu adotar o meio termo quanto à liminar, mantendo Renan no cargo e, portanto, apto a exercer plenamente suas funções. Porém, impedindo-o de substituir o presidente da República no case de impedimento deste. O que reflete uma decisão também política, devido aos interesses do Governo Federal.
O cenário mostra que as pressões quanto à ameaça da votação da PEC 55/2016 que limita os gastos do governo, pauta imprescindível para o ministro da Fazenda Henrique Meirelles quanto aos ajustes necessários para equilibrar a economia no país, remetem a um jogo de poderes, onde o que menos importa é a opinião pública, que imediatamente adota sua postura de indignação com os rumos da política, onde vaidades pessoais estão acima da nação e que na verdade levaram-na a estes tenebrosos tempos de incertezas.
Nesta quinta-feira (8), em sua 3ª fase, já em tom de bom moço que parece ter reconhecido o puxão de orelha, Renan passou a adotar uma postura mais amena quanto à sua rebeldia, dizendo que a questão de urgência da pauta sobre o Abuso de Autoridade é decisão do Plenário e que “as decisões do STF são feitas para serem cumpridas e não comentadas”, referindo-se ao meio termo adotado pela suprema corte do país neste caso.
No entanto, as três facetas de Renan Calheiros (PMDB-AL) expõem muito mais do que as tristes repercussões internacionais e internas, que indignam a sociedade brasileira, elas demonstram claramente que a cada dia no Brasil é preciso erguer uma fortaleza em nome dos bons costumes e contra a corrupção. Por outro lado, escancara a diferença de opinião, a distância que existe entre aquilo que realmente interessa ao país e como será difícil livrá-lo do escárnio.
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