Terça-feira, 13 de fevereiro de 2018 às 17h58
Domingo, em pleno feriadão do Carnaval, lá estão os jogadores no campo reaberto para que pudessem praticar o esporte que ali exercem há décadas.
Gerson Soares
Com todo o direito que lhes é devido, os antigos times tentam manter a tradição das partidas de futebol aos finais de semana. Esse costume remonta ao início do século passado, às primeiras décadas em que o futebol se constituía como esporte popular. Os operários logo o incorporariam aos sábados e domingos, como motivo de reunião, lazer e até mesmo para se apresentarem atleticamente às pretendentes. Saber jogar bola e dançar nos bailes, promovidos inclusive pelos times que se formavam, era a receita do sucesso masculino na época.
Diante desta pequena volta ao passado e aos costumes que se ligam à prática do football, localizemo-nos novamente no Tatuapé, onde nem havia a Radial Leste, mas não faltavam campos para jogar bola. O local onde foram formados os atuais Centro Esportivo Brigadeiro Eduardo Gomes e a EMEI Quintino Bocaiuva, já foi uma grande chácara, que dividida entre diversas famílias rendeiras – das quais ainda conhecemos os remanescentes de algumas delas – abasteciam a cidade e a circunvizinhança com hortaliças e frutas.
Agora o local passa por polêmica intransigente por parte das autoridades que insistem conceder aos jogadores e times de futebol do bairro e seus adversários, aquilo que sempre lhes pertenceu, só que sem lhes proporcionar as devidas condições de uso, assim como à população em geral. Afinal, trata-se de um centro esportivo municipal e não de uma benesse para este ou aquele grupo. Depois de realizar uma obra sem nexo ou suficiente probabilidade de sucesso, denominada CEU Carrão, a Prefeitura da Cidade de São Paulo destruiu o local e depois abandonou tudo.
Jogadores voltam ao seu campo
No início deste ano, o órgão – responsável por toda essa insanidade – resolve reabrir o centro esportivo e devolver às equipes seus campos, maquiando o entorno com tinta e tapa-buracos, mas deixando ao lado sua marca: uma obra inacabada que coloca todos eles em risco, além da população local e transitória.
Felizes, os jogadores e o grupo que os lidera, propagaram sua satisfação com a possibilidade de voltarem ao esporte que adoram exaltando de certa forma a iniciativa do órgão municipal, suas secretarias, entre outros envolvidos, como a Subprefeitura Mooca que procedeu a limpeza, corte do mato. Dois meses depois reclamam da falta de manutenção daqueles que deveriam assisti-los. Apontam o mato alto, esperam pela segurança, e continuam jogando bola onde sempre jogaram. Afinal, aquele local sempre lhes pertenceu, digamos assim. Muito antes das interferências administrativas duvidosas pelo qual o centro esportivo foi influenciado e deteriorado devido a alta politicagem.
O empurra-empurra das secretarias municipais de Educação e Esportes no local é antiga conhecida. Cada qual tenta jogar as mazelas que impõe ao aprazível parque do Tatuapé, como se ele fosse uma bola de tênis que a cada jogada recebe uma raquetada.
Neste domingo (8), ao vê-los bem dispostos, jogando futebol, senti-me culpado por exigir providências para que a Prefeitura faça sua parte, que consiste em devolver à municipalidade aquilo que destruiu. Campos de futebol, incluídos e melhorados. Devolver aos sábados e domingos a esportividade que o parque merece. Vendo-os contentes, fazendo suas jogadas, vociferando contra o companheiro que errou o passe, que deixou de fazer o gol, refleti sobre o benefício que receberam dos órgãos municipais e o histórico anterior. Sua alegria é efêmera.
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