Terça-feira, 13 de fevereiro de 2018 às 16h09
Onde falta limpeza as doenças proliferam. Notadamente à noite, os usuários do metrô Carrão mal percebem, mas colado ao gradil está o lixo que se amontoa no centro esportivo que foi abandonado de um lado e reaberto de outro, numa atitude incompreensível até agora.
Gerson Soares
O que encontramos foi sujeira, perigo, depoimentos de comerciantes e moradores da Rua Monte Serrat, vizinha ao parque, que contradizem tudo o que está sendo divulgado por um pequeno grupo interessado no prosseguimento desta nefasta ação, a de manter um parque extremamente danoso aberto. Pior ainda, é a falta de um projeto que dê fim às inacabadas obras de um CEU que ali seria construído sem necessidade aparente. A população clama pela devolução do Centro Esportivo Brigadeiro Eduardo Gomes como era antes. No entanto, a omissão dos responsáveis, está colocando em risco as crianças da EMEI Quintino Bocaiuva e a circunvizinhança.
Os comerciantes do entorno reclamam. A população paulistana também está em risco, devido a possível transmissão de doenças por mosquitos que proliferam em abundância nas poças e buracos encontrados no interior do parque. Isso poderá ocorrer através dos milhares de pessoas que passam a menos de 100 metros onde encontramos incontáveis larvas vivas (assista ao vídeo). A Rua Monte Serrat é utilizada diariamente por centenas de transeuntes que se dirigem à estação Carrão do metrô. Os vizinhos do lugar reclamam do aumento dos pernilongos e das picadas. Você usa repelente? Perguntamos a uma lojista. “Uso, senão não dá”, respondeu ela. O motivo são os pernilongos que atacam o dia inteiro. Outro comerciante lamenta: “O comportamento dessa política nossa é bem sofrido”. Há mais de 15 anos na Rua Platina esquina com a Rua Monte Serrat, ele confirma o aumento do número de insetos.
Mascaramento
As irregularidades, tanto da instalação de um CEU nesse local, quanto da reabertura do centro esportivo sem as mínimas condições de utilização pela população devem ser investigadas pelas autoridades competentes. O mascaramento da realidade procura adiar as soluções, que na verdade só dependem de vontade política, mas também podem estar encobrindo as verdadeiras intenções dessa obra contraditória.
Durante a reportagem desta quinta-feira (8), reavaliamos as condições do espaço destinado aos veteranos da bocha. Sem despertar-lhes a atenção, os observamos e o caminho que percorrem para chegar à sua sede. O objetivo foi poupá-los de perguntas angustiantes novamente, já que os entrevistamos recentemente. Na oportunidade anterior, eles não tinham água para o funcionamento da cancha ou higiene e nem luz, fatos que persistem até agora. O que presenciamos foi que para jogar cartas, os senhores precisam colocar a mesa do jogo à frente da pequena porta de entrada, ao lado da cancha, caso contrário não conseguem enxergar, devido à sombra das árvores, mesmo em dias ensolarados. A imagem vista abaixo, mostra o buraco nas grades por onde eles precisam passar para adentrarem o parque. Alguns já ultrapassam os 80 anos. Na reportagem anterior registramos pelo menos dois acidentes entre eles, devido à precariedade do caminho.
Nas questões que envolvem o centro esportivo, o jogo de interesses difusos é tão disperso que os próprios jogadores se entrechocam. Entre eles, fica evidente o interesse do vereador Toninho Paiva que se manifestou em jornal do bairro no final do mês de janeiro. Contrariando o comunicado das secretarias envolvidas, vinculadas à Prefeitura – que afirmaram em setembro do ano passado não haver condições de continuar a obra devido o rombo de 7,5 bilhões, deixado pela administração anterior e que seria preferível construir creches com a verba destinada ao CEU –, disse que “o Prefeito João Doria, tem grande interesse em dar continuidade às obras do CEU”, afirmou o porta-voz. Na mesma matéria, veiculada no dia 26 de janeiro, o periódico publicou que “a reabertura foi muito comemorada pelos moradores do Tatuapé e região”.
Entretanto, em dois dias de reportagens, filmagens e entrevistas no local (dias 8 e 11 de fevereiro), não conseguimos encontrar ninguém que estivesse comemorando essa reabertura. Muito pelo contrário, os poucos usuários com quem conversamos, execraram a atuação da Prefeitura. Encontramos menos de 15 pessoas no interior do parque, fora o grupo de jogadores – dois times de futebol e alguns reservas. Desse número, três pessoas disseram que ali estavam, mas imaginavam os perigos que corriam e, segundo elas, não poderiam esperar mais da Prefeitura. Fica claro que os “contentes” são aqueles que podem jogar bola aos finais de semana e um pequeno grupo de pessoas que não têm representatividade para falar pelo bairro ou pela região.
As reportagens desta nova série, as imagens e vídeos vistos aqui falam por si só. Opine sobre este parque ao lado do metrô Carrão, que há anos é vítima de interesses nitidamente orquestrados pela politicagem. Deixe um comentário se julgar importante participar.
Tentamos contato com a assessoria do vereador Toninho Paiva, desde o sábado (10). Até o fechamento desta matéria, nesta terça-feira (13), não obtivemos sucesso.
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