Ambição, dinheiro, poder. As transformações do bairro que se expande em diversos segmentos, também atraem a atenção de investimentos por parte do crime organizado e nesta semana desencadearam operações de grande porte da polícia.
Agentes da operação Fim da Linha da ROTA (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar) cumpriam mandados na Rua Itapeti e encontraram várias armas supostamente pertencentes a um líder do PCC. A facção criminosa também investe em carros importados e imóveis de luxo, fintechs, bitcoins e transformou parte da região em um centro de lavagem de dinheiro. A reportagem foi divulgada pelo jornal O Estado de São Paulo, na terça-feira (23/07).
Apartamentos na casa dos milhões
O endereço da Rua Itapeti, fica no prédio mais alto da cidade, o Edifício Figueira Altos do Tatuapé, construído pela Porte Engenharia. Trata-se de apenas um dos 52 endereços visados pela operação Fim da Linha. De acordo com a reportagem o Estadão, um ex-diretor da construtora está sendo investigado por envolvimento com criminosos. Consultada pela reportagem, a empresa – que construiu três dos cinco principais prédios sob investigação – afirmou desconhecer a ligação dele com o crime organizado.
Apartamentos em prédios como o Figueira Altos do Tatuapé estão sendo investigados pela Receita Federal e o Grupo Especial de combate ao crime Organizado (Gaeco). Os preços em edifícios de luxo como este variam entre 2 milhões e 20 milhões de reais. Assim como o da Rua Itapeti, estão registrados em nome de empresas de fachada, ocultando os verdadeiros donos.
‘Little Italy’
A mudança para o Tatuapé demonstra o melhor estilo de vida para integrantes do PCC que sobem no escalão. Eles frequentam bares e restaurantes de luxo, ostentam carros importados e participam de festas exclusivas. A conexão com a área de maior infraestrutura e mais valorizada da zona leste de São Paulo é vista como um símbolo de status e poder.
Para o promotor do Gaeco, Fábio Bechara, chega a ser válida a comparação do Tatuapé com a ‘Little Italy’, denominação do bairro de Nova York onde a máfia italiana manteve grande poder, ou ainda com a região da Itália onde essa facção do crime organizado dominou na Itália. “É a nossa Little Italy, a nossa Sicília”, disse.
Rápidas transformações
O que mais chama atenção é que a infiltração do PCC no Tatuapé e Jardim Anália Franco não é nenhuma novidade, pelo menos para os moradores mais atentos e bem informados sobre o bairro e a região, assim como para a inteligência das autoridades policiais A diferença entre saber por ouvir falar de casos pontuais e ler o que veio ao noticiário nesta semana é lamentável para famílias tradicionais e moradores comuns. Porém, agora ganhou proporções reveladoras.
Ambição, dinheiro e poder não medem esforços para atingirem seus objetivos. O antes bairro interiorano e pacato, que das chácaras e campos de futebol varzeano evoluiu, transformou-se em algo muito diferente com a mesma rapidez com que passou da categoria de habitantes de classe média e famílias de ex-operários das fábricas para um local de classe mais nobre.
Destaque – Imagem: aloart
Publicação:
Quinta-feira | 25 de julho, 2024
Atualizado:
Domingo | 28 de julho, 2024