Domingo, 17de abril de 2016 às 11h50


A Câmara dos Deputados decide hoje se o processo de impeachment contra a presidente Dilma Roussef segue para o Congresso. Mas, antes disso deve ficar decidido como essa página da história da política no Brasil ficará registrada.

Gerson Soares

A corrupção e os maus governantes sempre existiram e provavelmente continuaram existindo. Em toda a história da humanidade podemos notar sua presença nefasta na antiguidade, na idade média ou na atualidade. Líderes que levaram seus países à derrocada não faltam. Os traidores os seguiam de perto, esperando uma oportunidade para tirar proveito das situações provocadas pela ambição.

O poder também está ligado aos bons governantes que levaram seus países a serem exemplos de liberdade. Homens honrados abdicaram de suas próprias vidas pela convicção de que o mundo pode ser um lugar onde as diferenças e os direitos devem ser respeitados. Deixo de citar nomes para não ferir nem adular.

 

Ilustração aula política histórica: aloart / sobrefotos de George Crux e Benjamin Earwicker / Getty Images

Ilustração aula política histórica: aloart / sobrefotos de George Crux e Benjamin Earwicker / Getty Images

 

Os brasileiros estão vivenciando, desde as eleições de 2014, uma fase de aprendizado político. Povo desinteressado daquilo que mais lhe diz respeito, a maioria nem gostava de ouvir falar do assunto e uma boa parte dos que sofrem com a falência do atual governo – liderado por Dilma Roussef com assessoria de Lula –, ainda se recusa a pensar no quanto a política influencia suas vidas.

O que está sendo mostrado com transmissão ao vivo é o mundo que existia antes das últimas eleições majoritárias, onde a diferença entre as classes pode ser entendida através dos privilégios concedidos a pouquíssimos servidores públicos com o dinheiro suado da população que é açoitada por impostos inacreditáveis existentes em todas as operações financeiras, desde a compra de um ovo até o veículo almejado e a casa própria.

A partir das eleições de 2014, com a dura derrota que sofreu a oposição ao governo petista liderada pelo PSDB do candidato Aécio Neves, que perdeu as eleições inclusive em seu próprio estado (Minas Gerais), direcionou todas as suas manobras para derrubar Dilma Roussef do PT, chegando ao auge com aquilo que já é considerado como uma certeza, o impeachment da presidente, que por sua vez já não tinha como se livrar dos erros do passado, como a compra da Usina de Pasadena, as “pedaladas fiscais” e as verbas colossais para financiar sua campanha de reeleição.

Isso foi o suficiente para chegarmos a este domingo, 17 de março de 2016, quando pela segunda vez na história da República, um presidente brasileiro eleito pode ser impedido de continuar governando. Porém, Dilma não está sozinha, sua chapa e seu governo era uma coalizão com o poderoso PMDB de Michel Temer, seu vice, que segundo os petistas, entra para história como um traidor, não sem motivo.

A mídia mundial, incluindo o Brasil, destaca que corruptos estão julgando seus pares. Os brasileiros estão tendo gratuitamente a maior aula sobre os bastidores da política já vista. A última aula teve quase 43 horas de duração, que foi o tempo da sessão de debates sobre o relatório da Comissão Especial de Impeachment no Plenário da Câmara. Expondo suas entranhas, políticos de todos os matizes, relataram ao país aquilo que o engessa, ou seja, um sistema político totalmente superado, falido, corrupto, lento e distante dos verdadeiros interesses do povo, caso contrário certamente não estaríamos vivendo o caos.

Na visão dos que poderão deixar o poder, ao que tudo indica, o comando do país e da política deve se dividir entre a oposição e os traidores. A história se repete e a aula continua daqui a pouco às 14 horas. Esse aprendizado deve ter continuidade na próxima semana quando, segundo as estatísticas, o processo de impeachment seguirá para o Senado, onde mudam os professores e o tema persiste: como essa página da história será escrita?

Presidente Dilma Rousseff durante entrevista para veículos da imprensa internacional. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR. Sobrefoto: aloart

Presidente Dilma Rousseff durante entrevista para veículos da imprensa internacional. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR. Sobrefoto: aloart

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