A mídia brasileira repercute nova fraude bilionária, desta vez a vítima foi o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS. São mais de 6 anos de descontos e a fraude pode atingir 6,3 bilhões de reais.

Por Gerson Soares*


“Em 2016, foram R$ 413 milhões; em 2017, R$ 460 milhões; em 2018, R$ 617 milhões; em 2019, R$ 604 milhões. Em 2020, em meio à pandemia da covid-19, o valor caiu para R$ 510 milhões. Em 2021, foram descontados R$ 536 milhões. Em 2022, R$ 706 milhões. Em 2023, R$ 1,2 bilhão. E, no ano passado, R$ 2,8 bilhões”, divulgou nesta quarta-feira (23/4), o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinícius de Carvalho.

Cartas marcadas

Em 2019, através de Medida Provisória, houve uma tentativa de regulamentar as associações de classe que cobram um valor de aposentados e pensionistas para que os valores só pudessem ser descontados diante do consentimento explícito.

Mas, diante de pressões dos setores que envolvem as áreas jurídicas, convênios e planos de saúde, as normas foram derrubadas em 2022 pelo próprio Congresso Nacional.

Com a vitória dos setores interessados em descontar valores dos aposentados, já era possível notar um aumento próximo a 30% nos descontos, comparados a 2021. Com o salto em 2023, a cifra sobe para 125%, em relação àquele ano. No ano passado, o valor mais do que dobrou, como detalhado por Carvalho.

Morosidade e reclamações

Uma rápida análise nos mostra o quanto a máquina pública, gigantesca e onerosa, demora para tomar atitudes que deveriam ser detectadas e investigadas com mais rapidez, diante das reclamações.

De acordo com os levantamentos, entre janeiro de 2023 e maio de 2024, o INSS recebeu 1 milhão de reclamações acerca de descontos indevidos. Segundo a BBC, só em 2024 foram 190 mil pedidos de revisão de descontos.

De grão em grão

As mensalidades cobradas pelas entidades associativas chegavam a R$ 81, valor até pequeno que, de grão em grão, chegou aos bilhões de reais. Estima-se que seis milhões de aposentados e pensionistas foram fraudados. Possibilitando a compra de joias, carros de luxo como Ferraris e até um Rolls-Royce e bastante dinheiro aos fraudadores.

A CGU afirmou ter entrevistado 1.300 beneficiários, sendo que 97% deles não autorizaram os débitos. Com o impacto midiático, foi demitido o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto que está sendo investigado.

Contudo, há uma notícia que pode trazer um alento aos aposentados e pensionistas (não é brincadeira!):

“Cada caso terá que ser examinado individualmente. Obviamente, mediante requisição, apuração interna, esse dinheiro, um dia, terá que ser restituído para aqueles dos quais foi retirado indevidamente”, disse o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, conhecido pela sua atuação no Supremo Tribunal Federal.


Gerson Soares é jornalista e colunista do Alô Tatuapé.


Destaque – Imagem: aloart / G I


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