Quinta-feira, 24 de maio de 2018 às 17h47
Filas e procura por combustíveis mudam a rotina dos moradores e causam aumento de congestionamentos.
Gerson Soares
A corrida aos postos de combustíveis começou desde a madrugada de ontem (23) no Tatuapé. A greve dos caminhoneiros que paralisa as estradas de 22 estados brasileiros, por causa do aumento dos preços do diesel, fez com que os hábitos e a rotina de moradores do Tatuapé fossem alterados. “Eu estou acostumada a colocar 50 reais, será que eu vou ter dinheiro para pagar um tanque”, disse uma senhora de cabelos grisalhos em tom de brincadeira, logo depois de finalmente chegar ao lado da bomba de gasolina do Posto Côte D’Azur, que fica na esquina das ruas Coelho Lisboa e Azevedo Soares, um dos cruzamentos mais movimentos do bairro.
O bom humor, apimentado por um tom de ironia, veio com a resposta do proprietário ao ser questionado sobre a situação. Há poucos dias ele já reclamava das contas que não fecham como antes, devido aos aumentos constantes da gasolina e outros combustíveis. Enquanto fotografávamos e conversávamos com alguns dos clientes – o Côte D’Azur funciona no mesmo lugar desde 1969 – uma sirene soou. “Sabe o que isso? Indagou Luiz, atual proprietário e o terceiro das gerações no comando da empresa. “É o aviso de que o estoque de uma das bombas está acabando”. Questiono sobre o que faria quando a gasolina acabasse. “Vou a praia ou coloco algumas redes aqui mesmo?”, devolveu apimentando. A resposta é de quem não vê nada de positivo na atual política que rege o setor.
Sua previsão é de que os combustíveis não chegariam até o final desta quinta-feira, seu principal produto é a gasolina. “Ontem eu saí daqui às 2h da madrugada, quando a procura normalizou. Cheguei às 6h da manhã hoje e a fila já estava grande”, disse Luiz por volta das 13h. De acordo com ele, caso seja resolvido o impasse com a comissão que representa os grevistas, a normalização ainda pode demorar até uma semana. Até este momento (17h), a fila para abastecer continuava em duas frentes, tanto na Rua Coelho Lisboa, quanto na Rua Azevedo Soares.
As filas que se formam devido o movimento de motoristas que se dirigem aos postos de combustíveis com seus veículos, também estão causando congestionamentos atípicos, além dos já conhecidos. A volta para casa exige muita paciência e o máximo de cordialidade dos motoristas, imitando o bom humor da senhora com quem conversamos: “Minha filha me ligou para ir ao posto colocar gasolina no carro. Eu uso pouco, sabe...”, falou sorrindo sobre a quebra da rotina.
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