A legislação foi inspirada nas ações de professora e alunos da Escola Estadual Alzira Valle Rolemberg e está publicada na edição desta terça-feira (29) do diário oficial da cidade.
O que começou como uma atividade escolar na Escola Estadual Alzira Valle Rolemberg, em São José do Rio Preto, agora é lei municipal. A cidade deve transformar em política pública o projeto criado pelos alunos da unidade de ensino que prevê ações para proteção das abelhas, incentivo à apicultura e à meliponicultura e o fortalecimento da educação ambiental nas escolas.
A meliponicultura diferencia-se da apicultura. A criação racional de abelhas nativas sem ferrão tem ganhado destaque como atividade sustentável e alternativa para a conservação desses polinizadores. Elas fazem parte de um grande grupo de abelhas incapazes de ferroar – possuem um ferrão atrofiado – também conhecido como meliponinos. Portanto, diferenciando-se da apicultura, que se dedica à criação de abelhas com ferrão, da espécie Apis mellifera.
Proposta educacional vira lei
A proposta foi criada por estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental, orientados pela professora de geografia Sandra Zanatta, a partir de estudos sobre a vegetação da mata ciliar do córrego Piedadinha, vizinho da unidade de ensino, e a importância das abelhas para o ecossistema local. O projeto de lei, que já havia sido aprovado por unanimidade na Câmara Municipal, foi sancionado pelo prefeito Fábio Rogério Candido e a lei publicada na edição desta terça-feira (29) do diário oficial da cidade.
“Com a lei sancionada, temos agora o desafio e a responsabilidade de acompanhar a sua implantação. É o momento de envolver a comunidade, buscar parcerias e levar a educação ambiental para além da sala de aula, com mais ações de preservação e protagonismo juvenil”, ensinou a professora Sandra.

A iniciativa prevê a proteção das abelhas, o incentivo à apicultura e meliponicultura e a educação ambiental nas escolas. Foto: Divulgação/Governo de SP
Salve o córrego Piedadinha
A preservação do córrego Piedadinha e de sua margem está na rotina escolar dos alunos da Escola Alzira Valle Rolemberg. Desde 2022, a professora Sandra e seus alunos já plantaram mais de 600 mudas nativas e instalaram colmeias ao longo do curso do córrego com apoio de instituições parceiras. O grupo também já mobilizou o poder público e a comunidade para a retirada de materiais descartados ilegalmente em suas margens, com encontros para a limpeza e aulas ao ar livre.
Em junho do ano passado, os estudantes participaram de uma palestra sobre a importância das abelhas no ecossistema e o risco que a crise climática traz a esses insetos, quando puderam instalar colmeias de abelhas Jataí — uma abelha sem ferrão — nas margens do córrego com apoio do projeto Melibilce, o meliponário do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce) da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de São José do Rio Preto. O encontro motivou a criação do texto que se tornaria, nesta semana, a lei aprovada pelo prefeito.
A jataí, nativa do Brasil, pertence à espécie Tetragonisca angustula, seu nome deriva da forma como os índios a chamavam: “Yata’i” em Tupi, que também quer dizer “fruto duro” ou “água de fruto duro”. É possível notar na foto em destaque o sistema ocular – ou olhos compostos – da jataí é esverdeado, enquanto o da Apis melifera é escuro. Na natureza, as colmeias também possuem aspectos diferentes entre as duas espécies.
A professora Sandra afirma que a aprovação da lei é mais uma conquista para a escola e que a ação pelo meio ambiente de São José do Rio Preto e a manutenção do córrego seguirão mobilizando estudantes, educadores e a comunidade escolar.
Destaque – Colmeia de abelhas jatais, espécie nativa do Brasil. Foto: aloart / Getty Images



