Quarta-feira | 25 de março, 2020 | 19h52
Se para muitos o presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, cometeu um erro ao amenizar os efeitos do coronavírus na noite desta terça-feira (24) em rede nacional, por outro lado sua fala foi usada sobremaneira por parte da mídia, principalmente por aqueles que abertamente são detratores do chefe da Nação e a ele fazem ferrenha oposição.
Gerson Soares
Infelizmente, o gesto mais equivocado, no entanto, ocorreu em São Paulo e partiu do governador João Doria que usou a coletiva de imprensa de hoje e o seu pronunciamento costumeiro em prol do combate ao coronavírus, para fazer campanha política. Ficou nítido na sua eloquência, o desejo de tirar proveito das notícias contrárias a Bolsonaro, visando talvez às longínquas eleições majoritárias de 2022.
Evidentemente, o Governador paulista se aproveitava da sua bem polida retórica para denegrir os atos e a imagem do Presidente a cada resposta aos jornalistas. Isso não pegou bem e usando uma das frases que ele tem repetido durante as conferências quanto ao coronavírus, “este não é o momento para fazer política”.
Ao lado do prefeito Bruno Covas, de acordo com o que é revelado a cada dia, Doria vem tendo atuações louváveis, no sentido de preservar a integridade dos paulistas. Mas apesar das boas intenções o Governo de São Paulo também erra.
Na quarta-feira passada (18), imaginamos com o melhor dos propósitos, o secretário da Saúde de São Paulo, José Henrique Germann, anunciou durante conferência com a imprensa que os remédios de alto custo, normalmente distribuídos em São Paulo para o período de 30 dias, seriam daí em diante entregue para um período de 90 dias, com o intuito de evitar a propagação da pandemia que assola o mundo.
Nós que trabalhamos por essa providência desde 2014, comemoramos. Mas, fomos levados ao erro pela fala do Secretário e publicamos que essa seria uma medida benéfica principalmente para os transplantados – grupo potencialmente de alto risco por ter baixa imunidade devido aos imonussupressores que precisam tomar diariamente, a fim de evitar a rejeição dos órgãos.
No dia seguinte ao anúncio do Secretário, filas enormes se formaram nas farmácias de alto custo da Vila Mariana, Maria Zélia e Várzea do Carmo. Com isso houve falta de remédios e aqueles que foram buscar os medicamentos para transplantados receberam o aviso que a medida não vale para eles. Ou seja, o grupo mais suscetível à doença que se espalha não foi incluído no benefício, nem sequer mencionado um aviso para evitar que se dirigissem aos postos.
Portanto, sem entrar no mérito da questão neste artigo, fica aqui o lembrete que de boas intenções o inferno também está cheio. E, usando outra frase popular: quando se aponta um dedo, três apontam de volta.
Esta não é a hora de apontar o dedo para ninguém. A oportunidade de fazer campanha política chegará e as urnas decidirão mais uma vez. Na tentativa de acertar, todos estão cometendo enganos nesta crise de proporções assustadoras. O mais importante é saber reconhecer a boa vontade das autoridades que estão trabalhando e não atrapalhar.
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