Iniciativa pioneira no Brasil, o projeto Revivendo Memórias busca proporcionar momentos de alegria e engajamento social às pessoas portadoras da Doença de Alzheimer (DA). Nasceu da observação de médicos neurologistas da Faculdade de Medicina de Universidade de São Paulo e da Academia Brasileira de Neurologia sobre a influência de atividades prazerosas e emocionalmente significativas, como música, dança e esportes, para melhorar a qualidade de vida de pacientes e familiares.
O projeto teve origem em pesquisa que detectou clubes de futebol no Reino Unido e grupos na Escócia disponibilizando-se para apoiar intervenções esportivas como tratamento complementar da DA.
Motivado pelos resultados da iniciativa, desenvolveu-se um programa semelhante no Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Hospital das Clínicas da FMUSP, em parceria com a ABN e outras instituições.
Desta forma, cresceu impactando positivamente a comunidade e mostrando ser possível viver bem em casos de demência. Hoje abarca parceiros como o Global Brain Health Institute (GBHI), da Universidade da Califórnia de São Francisco, e é patrocinado pelo Atlantic Institute/Universidade de Oxford, a Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo e a Faculdade de Enfermagem da USP Ribeirão Preto.
A Academia Brasileira de Neurologia auxilia na divulgação e fornece suporte científico e social, crucial para a expansão e sustentabilidade da iniciativa.
Principais atividades
Dentre as atividades, há visitas mediadas e práticas em grupo, que visam a promover benefícios psicossociais, incluindo melhora do bem-estar de indivíduos com Doença de Alzheimer, seus familiares e cuidadores.
A programação, totalmente gratuita, é desenvolvida baseada em paixões pessoais, podendo contar com cartões que representam ex-atletas, artistas, bandas, filmes, livros e locais históricos.
No Museu do Futebol, em São Paulo, Revivendo Memórias já obteve ótimos resultados, instigando positivamente memórias e paixões dos participantes, assim como combate o estigma social e o isolamento que frequentemente acompanham os pacientes com Doença de Alzheimer.
Os bons resultados são visíveis tanto em pacientes, quanto para as famílias. Diversos relatos mostram que os participantes realmente se sentem mais animados após as atividades, conversam mais e apresentam menos sinais de apatia.
Participantes como Gilberto Gaspar, compositor e poeta com Doença de Alzheimer, são prova de como o Revivendo Memória é capaz de proporcionar melhorias significativas no humor e engajamento social.
Segundo ele, não só trouxe de volta sua vontade de tocar violão e recitar poesias, mas também proporcionou momentos de maior felicidade e de conexão emocional com sua família.
Outros portadores e familiares mencionaram feedbacks parecidos: “Minha avó fica a semana inteira esperando vocês ligarem”; “Minha mãe pergunta quando vamos voltar ao museu para conversar com nossos novos amigos”; “Meu esposo voltou a tocar violão depois de um ano”; “Fazia tempo que não via meu pai falar tanto e querer sair de casa para fazer a atividades com vocês”; “Meu marido disse que foi o dia mais feliz dele nos últimos anos”.
Em fase de expansão Revivendo Memórias já faz intervenções em Belo Horizonte e Ribeirão Preto. Existem planos para se estender por todo o Brasil.
Os treinamentos são realizados por neurologistas que repassam o conhecimento sobre demência, comprometimento cognitivo leve e, especialmente, a Doença de Alzheimer, ensinam como lidar com situações que possam aparecer e como desenvolver as atividades do programa.
Os voluntários são profissionais de equipes multidisciplinares da saúde. Em busca de expansão, eles idealizam recursos para ampliar o programa ainda mais para o ano que vem.
Por fim, um registro da maior relevância: qualquer pessoa com 60 anos ou mais pode participar do projeto, independentemente de ter problemas cognitivos.
Destaque – Foto: Projeto Revivendo Memórias / Divulgação
Publicação:
Domingo| 11 de agosto, 2024