Sábado, 7 de maio de 2016 às 10h33
Preso aos antigos costumes políticos – na base do toma lá, da cá –, Brasil reincidirá nos mesmos erros. Ministérios são para pessoas capacitadas e a corrida aos cargos disponíveis só atrapalha, caso venha a se confirmar o impeachment de Dilma Roussef, o novo presidente precisa manter sua serenidade para compor um bom ministério.
Gerson Soares
Na semana agitada que ainda não terminou, o vice-presidente Michel Temer continuou fazendo articulações e reunindo-se com vários setores. Representantes do setor de máquinas e equipamentos pediram na quarta-feira (4) a contenção da queda do consumo e dos investimentos no país. O presidente da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Carlos Pastoriza, disse que Temer terá “uma janela” de confiança de 90 dias para “fazer um cavalo de pau” na economia, destacando que nos últimos dois anos o consumo no setor caiu 15% e os investimentos 40%, com tendência de mais queda – divulgou a mídia.
Para o setor, no curto prazo, o eventual governo Temer deve baixar a taxa básica de juros (Selic) e reduzir o número de pastas ministeriais. Pastoriza, no entanto, enalteceu junto aos jornalistas que os ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior, são as bases do crescimento econômico e não se deve fazer mudanças bruscas nesses setores. “Entendemos que tem que haver um corte na carne do governo, sem aumento de impostos”, ressaltou.
Politicamente, o deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) reuniu-se com o vice-presidente e, após o encontro, disse que o PMDB não pode errar na condução do país. Questionado por jornalistas se ele e Temer conversaram sobre uma eventual redução no número de ministérios, o pernambucano afirmou que o vice-presidente não deve fazer uma redução de imediato sem antes uma análise sobre as consequências desse tipo de medida somente para contentar a sociedade e a mídia.
“Entendi que ele não ia fazer essa redução agora. Acho que ele está certo para não cometer equívoco e fazer uma coisa só para atender à expectativa da sociedade e da própria mídia. Se ele diz que, nessa interinidade, vai se debruçar sobre isso para analisar, acho que merece um crédito de confiança”, relatou.
Especula-se que dentre os possíveis nomes mais cotados surgiu, por último, o de Leonardo Picciani (PDMB-RJ), defensor de Dilma Roussef. A ex-ministra do STF, Ellen Gracie, ficaria com a CGU (Controladoria-geral da União; para o Ministério da Justiça, o mais cotado é Alexandre Morais, atual secretário de Segurança Pública de São Paulo e Renata Abreu (PTN-SP) no ministério dos Direitos Humanos; Fernando Coelho, líder do PSB na Câmara dos Deputados, ocuparia o Ministério da Integração Nacional. O tucano José Serra (PSDB-SP) iria para o Ministério das Relações Exteriores e ao lado de Henrique Meirelles na Fazenda e Romero Jucá (PMDB-RR) no Planejamento, formariam a tríade da base econômica.
Esta equação político-econômica é o desafio do momento para Michel Temer, tido como hábil articulador: antes de dar início ao seu provável governo, para que obtenha o apoio no Congresso Nacional e contente os possíveis aliados, ele deverá encontrar os nomes mais qualificados para ocupar cargos do primeiro escalão. Essa tem sido sua tarefa, com data para ser concluída, se quiser acalmar a economia interna e causar uma boa impressão aos investidores externos.
Ao que tudo indica, na próxima quarta-feira (11) ou mais tardar quinta-feira (12), o Senado deverá afastar a presidente Dilma Roussef do cargo da presidência. Portanto, um ministério definido até a semana que vem será crucial para um bom início. A sociedade brasileira espera muito do novo governo que deve dar uma resposta enérgica às crises que assolam o país.
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