Sábado | 9 de fevereiro, 2019 | 18h40
A instauração de apuração dos atos de auditores que apontaram um desvio de mais de 630 milhões nas contas do ministro do STF Gilmar Mendes, deixa clara a intenção de blindá-lo e mantê-lo distante das leis que representa.
Gerson Soares
A pergunta mais comum dos brasileiros que estão tomando um bom banho de civilidade ao apoiarem os atos e os exemplos do novo governo é saber se Gilmar Mendes teria alguma imunidade e seria diferente dos demais compatriotas. O ato do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, de pedir a apuração de eventuais atos ilícitos envolvendo um relatório da Receita Federal sobre o seu colega de toga e a esposa deste, dona Guiomar Mendes, nada mais acarreta do que colocar uma sombra sobre a Constituição, que na verdade concede os mesmos direitos e deveres a todos aqueles que nascem no Brasil.
Toffoli enviou ofícios com a solicitação ao ministro da Economia, ao secretário da Receita Federal e à procuradora-geral da República, para que passem a investigar os investigadores que na sua função teriam o atrevimento de questionar as contas do ministro do STF. Se Gilmar Mendes e sua cônjuge têm as mãos limpas não há o que temer. A investigação até o ajudaria provar que durante todo o tempo em que defendeu causas pra lá de estapafúrdias e com seus atos provocou a ira de seus colegas em plenas sessões do pleno, transmitidas ao vivo, nada mais fez do que defender fielmente a Constituição do país e os preceitos da legalidade, função da qual é mormente imbuído.
Se a um passo se investiga um ministro do STF, em outro será investigado o próprio Poder Judiciário.
O pedido de abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), intitulada “Operação Lava Toga” foi protocolado nesta quinta-feira (7), pelo senador Alessandro Vieira (PPS-SE). Ele é um dos estreantes da casa e sua campanha foi pautada no desejo de mudanças, principalmente no que diz respeito à corrupção. Voltando ao início deste artigo, os brasileiros estão cansados da velha política e com um Congresso Nacional renovado parece que os dias do toma lá dá cá finalmente estão terminando. Juízes, Senadores, Deputados e Vereadores; o presidente da República e seus ministros e toda a classe política, enfim, estão para a Lei como estão os demais cidadãos. Ninguém está acima da justiça, se as mãos estão limpas é só encará-la de frente.