Segunda-feira | 21 de dezembro, 2020 | 13h05
MAGIA NATALINA
Neste final de ano, os skywatchers (observadores do céu) estão prestes a se deliciarem. O assunto que há uma semana gera curiosidade popular e ao mesmo uma pequena divergência de opiniões entre religiosos e cientistas é a repetição de um fenômeno que pode ter sido visto durante o nascimento de Jesus. Para os cientistas a mesma conjunção dos planetas Saturno e Júpiter que será vista hoje (21), mas os religiosos vão mais além, lembrando a fé em dias melhores.
NASA
Para os religiosos pode tratar-se do ressurgimento da “Estrela de Belém”, que anunciou o nascimento de Jesus há 2020 anos aos Reis Magos, e agora traz a esperança em um momento tão difícil para a humanidade. Já os cientistas não descartam a possibilidade que essa conjunção possa ter ocorrido naquela época na Judeia dominada pelo Império Romano e se pode ser visto deve ter sido algo espetacular. Se considerarmos ao menos o fato de que os povoados existentes eram desprovidos de iluminação como a conhecemos hoje, já teríamos uma visão privilegiada, incomparável com a encontrada na atualidade.
“A ‘Estrela do Natal’ (ou ‘Estrela de Belém’) é uma conjunção planetária especialmente brilhante facilmente visível no céu noturno”, divulgou a NASA no último dia 15. Essa conjunção planetária entre Saturno e Júpiter deve atingir o máximo alinhamento na noite de 21 de dezembro.
“Em 1610, o astrônomo italiano Galileo Galilei apontou seu telescópio para o céu noturno, descobrindo as quatro luas de Júpiter – Io, Europa, Ganimedes e Calisto. No mesmo ano, Galileu também descobriu uma estranha forma oval em torno de Saturno, que observações posteriores determinaram serem seus anéis.” De acordo com a NASA, essas descobertas mudaram a forma de como entendemos a imensidão do nosso sistema solar.
“Treze anos depois, em 1623, os dois planetas gigantes do sistema solar, Júpiter e Saturno, viajaram juntos pelo céu. Júpiter alcançou e ultrapassou Saturno, em um evento astronômico conhecido como ‘Grande Conjunção’.”
“Você pode imaginar o sistema solar como uma pista de corrida, com cada um dos planetas como um corredor em sua própria pista e a Terra em direção ao centro do estádio”, disse Henry Throop, astrônomo da Divisão de Ciência Planetária na sede da NASA em Washington. “Do nosso ponto de vista, seremos capazes de ver Júpiter na pista interna, se aproximando de Saturno durante todo o mês e, finalmente, ultrapassando-o em 21 de dezembro.”
Os planetas regularmente parecem passar uns pelos outros no sistema solar, com as posições de Júpiter e Saturno sendo alinhados no céu uma vez a cada 20 anos.
O que torna o espetáculo deste ano tão raro, então? Já se passaram quase 400 anos desde que os planetas passaram tão próximos uns dos outros no céu, e quase 800 anos desde que o alinhamento de Saturno e Júpiter ocorreu à noite, como acontecerá em 2020, permitindo que quase todos ao redor do mundo testemunhem esta “grande conjunção”.
O alinhamento mais próximo aparecerá com apenas um décimo de grau de diferença e durará alguns dias. No dia 21, eles aparecerão tão próximos que um dedo mindinho estendido cobrirá facilmente os dois planetas no céu. Os planetas serão fáceis de ver a olho nu, olhando para o sudoeste logo após o pôr do sol – aproximadamente 1 hora depois.
De nosso ponto de vista na Terra, os gigantes gasosos aparecerão muito próximos, mas permanecerão separados por centenas de milhões de quilômetros no espaço. E embora a conjunção esteja acontecendo no mesmo dia do solstício de inverno, o momento é meramente uma coincidência, com base nas órbitas dos planetas e na inclinação da Terra.
“Conjunções como essa podem acontecer em qualquer dia do ano, dependendo de onde os planetas estão em suas órbitas”, disse Throop. “A data da conjunção é determinada pelas posições de Júpiter, Saturno e da Terra em seus caminhos ao redor do Sol, enquanto a data do solstício é determinada pela inclinação do eixo da Terra. O solstício é a noite mais longa do ano, então esta rara coincidência dará às pessoas uma grande chance de sair e ver o sistema solar.”
Com textos de Gerson Soares
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