Quinta-feira, 17 de março de 2016 às 11h48
Essa foi a única voz que se levantou no ambiente do saguão do Palácio do Planalto, onde tomaram posse quatro ministros, entre eles Lula, que volta com menos de cinco após entregar o cargo de presidente à Dilma Roussef, que o empossou para livrá-lo de uma possível prisão na Operação Lava Jato da Polícia Federal, concedendo a ele o foro privilegiado do STF.
Gerson Soares
Lula toma posse como ministro-chefe da Casa Civil, exatamente às 11h39 desta quinta-feira, 17 de março de 2016, que deve entrar para a história sob vários aspectos. Depois de entoado o Hino Nacional, a presidente Dilma teve o início de seu discurso interrompido por gritos de “vergonha, vergonha”, proferidos pelo deputado Major Olímpio (PDT-SP).
Quem esperava algum tipo de reação da oposição ou tumulto se decepcionou, até o final da cerimônia não houve quaisquer incidentes no interior do saguão. Do lado de fora manifestantes protestavam contra e outros faziam coro a favor do líder petista, agora privilegiado com foro especial para responder as acusações das quais é investigado pela Lava Jato e pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP).
Retomando sua fala, Dilma Roussef passou a mandar recados e terminou fazendo uma intimidação às investigações da Polícia Federal, mais uma vez negando todos os fatos que levaram milhões às ruas do Brasil – a Avenida Paulista está tomada desde ontem (16) por manifestantes e as redes sociais divulgam diversos protestos como o Movimento Brasil de Luto.
Seguido de um sonoro “bom dia”, o primeiro torpedo da presidente veio na sequência da frase: “aos brasileiros e brasileiras de coragem que estão aqui dentro desta sala”. Com direção certa, o petardo da presidente foi na direção dos ausentes: o vice-presidente Michel Temer, procurador-geral da República Rodrigo Janot, presidente do Senado Renan Calheiros.
Os ministros empossados foram Eugênio Aragão (Justiça), Jaques Wagner (gabinete pessoal da Presidência), Mauro Lopes (Aviação Civil) e Luiz Inácio da Silva (Casa Civil). Saudando-os, Dilma enfatizou seu repúdio contra os grampos divulgados ontem pelo juiz Sérgio Moro, com conversas comprometedoras entre ela e Lula. “Interpretação desestruturada, processos equívocos, investigações com grampos ilegais, não favorecem a democracia do país. Para o bem do Brasil todo esse barulho deve acabar, por que não é a voz do Brasil. Golpes começam assim”, criticou a presidente.
Enfatizando que seu governo combate a corrupção, também destacou que deve ser preservação a “presunção de inocência de qualquer cidadão”. Citando os grampos revelados como um “espetáculo”, condenou a divulgação do seu envolvimento nas ligações, alegando que Moro não tem competência para divulgar suas conversas devido às suas prerrogativas presidenciais. “Se fizeram isso com as prerrogativas da presidência da República, o que farã com o cidadão”, questionou, de certa forma tentando reverter o impacto das revelações.
A divulgação dos grampos e da carta em que Dilma tenta garantir o foro privilegiado ao companheiro Lula, levou a novas manifestações populares na noite desta quarta-feira. Em todo o país as palavras de ordem são renúncia e impeachment, o mesmo aconteceu na Câmara dos Deputados e no Senado.
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