Domingo | 26 de março, 2023

Estudos publicados em 2015, 2016 e mais recentemente em 2021 e 2022, comprovaram que a infusão possui propriedades capazes de diminuir os níveis de açúcar no sangue associados ao diabetes e pode trazer outros benefícios à saúde.


Em novembro de 2015, foi divulgado o Projeto Temático Efeitos do Chá Verde (Camellia sinensis) que também incluía as propriedades do cacau, como antioxidantes e anti-inflamatórios, pelas suas ações na prevenção e nos tratamentos renais, assim como do diabetes. O estudo demonstrou que esses dois produtos podem atuar também como coadjuvantes na prevenção ou no tratamento de complicações renais ou da retina decorrentes do diabetes: “Partimos da hipótese de que esses produtos poderiam ser benéficos por reduzir o estresse oxidativo e a inflamação e aumentar a taxa de óxido nítrico (NO), que é um vasodilatador, cuja presença se encontra diminuída no quadro diabético. Então, estudamos separadamente os efeitos do chá verde, do cacau e de um doador de óxido nítrico. E constatamos benefícios reais tanto do chá verde quanto do cacau. A pesquisa gerou 10 artigos científicos em revistas especializadas”, disse Jose Butori Lopes de Faria, professor titular de Nefrologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenador do projeto à Agência FAPESP que divulgou a pesquisa.

Avanços no ano seguinte

Em 2016, foi publicado outro artigo na revista on-line Scientific Reports, do grupo Nature: “O uso de polifenóis do chá verde no tratamento da albuminúria residual na nefropatia diabética: um ensaio clínico randomizado duplo-cego” (“The use of green tea polyphenols for treating residual albuminuria in diabetic nephropathy: A double-blind randomised clinical trial”). A pesquisa foi realizada pela doutoranda Cynthia Borges e liderada pelo médico José Butori, coordenador do projeto temático desde o ano anterior, com modelos animais (camundongos e ratos) e culturas de células (de camundongos e humanas): “Efeitos do chá verde (Camellia sinensis), do cacau e de um doador de óxido nítrico na nefropatia e retinopatia diabética: papel da redução do estresse oxidativo e da inflamação e do aumento do óxido nítrico”. O novo estudo, foi realizado in vivo em indivíduos com diabetes e corroborou amplamente os resultados.

Pesquisas recentes

Em 21 de setembro de 2022, a Forbes divulgou que de acordo com pesquisadores da Universidade de Ciência e Tecnologia de Wuhan – China, beber chá verde, preto ou Oolong, pode reduzir o risco de diabetes devido aos polifenóis encontrados nessas bebidas. A pesquisa foi apresentada na reunião anual da Associação Europeia para o Estudo do Diabetes em Estocolmo, Suécia, no ano passado. De acordo com os pesquisadores essas substâncias reduzem os níveis de açúcar no sangue, associados ao diabetes.

Catequinas

Outro estudo, feito pelo Dr. Michael Ristow, concluiu que as catequinas do Chá Verde – uma das bebidas mais consumidas em todo o mundo – “prolongam a saúde e a expectativa de vida”, publicou Enrico de Lazaro, na SCI News, no dia 27 de outubro de 2021. Segundo a conceituada revista científica, as catequinas do chá verde estão associadas a um atraso no envelhecimento. “Até agora, supunha-se que essas catequinas neutralizassem os radicais livres e, assim, evitassem danos às células ou ao DNA. Observamos mais de perto como as catequinas agem no verme nematóide Caenorhabditis elegans e chegamos a uma conclusão diferente e aparentemente paradoxal: em vez de suprimir o estresse oxidativo, as catequinas do chá verde o promovem,” disse o coautor sênior professor Michael Ristow, pesquisador do Departamento de Ciências e Tecnologia da Saúde da ETH Zurique e do Departamento de Nutrição Humana da Friedrich Schiller University Jena, e seus colegas.

Chá benéfico

O professor ainda afirmou: “Como resultado, as catequinas no chá verde levaram a uma vida mais longa e maior aptidão em nematóides que foram alimentados com eles. Isso significa que as catequinas do chá verde não são de fato antioxidantes, mas sim pró-oxidantes que melhoram a capacidade do organismo de se defender, semelhante a uma vacinação”, observou o Dr. Ristow e assinalou que “o chá preto, por outro lado, contém um nível muito menor de catequinas, uma vez que são em grande parte destruídas pelo processo de fermentação. É por isso que o chá verde é preferível ao chá preto.” As descobertas foram publicadas na revista Aging.


Fontes: Fapesp, Nature–Scientific Reports, Forbes, SCI News e Aging.


Destaque – Imagem: aloart