Quarta-feira, 14 de setembro de 2016, às 20h41


Defesa do ex-presidente compara denúncia com truque de ilusionismo, espetáculo midiático e diz que não há provas. Partido dos Trabalhadores, diz que é "perseguição política".

Gerson Soares

Acusado de comandar um esquema bilionário de propinas Luiz Inácio Lula da Silva, foi classificado durante a coletiva de imprensa na tarde desta quarta-feira (14), como comandante máximo do esquema de corrupção que ficou conhecido como Petrolão. A afirmação foi feita pelo procurador da República e coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba Deltan Dallagnol que disse ainda que ainda há outros desdobramentos, como os que estão sendo investigados na Eletrobras e Eletronuclear, o que chamou de “propinocracia” - onde o governo é regido pela propina.

 

Gráfico do MPF, mostra Lula no centro do poder criminoso instituído no país. Imagem: reprodução TV

Gráfico do MPF, mostra Lula no centro do poder criminoso instituído no país. Imagem: reprodução TV

 

Para a Força-Tarefa da Lava Jato, o PT (Partido do Trabalhadores) criou uma forma de se manter perpetuamente no poder, através de um esquema criminoso, envolvendo principalmente o PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) e o PP (Partido Progressista), mas que na verdade se estende pela troca de favores entre os poderes Executivo e Legislativo, com o financiamento de cartéis de empresários que se aproveitam para obter contratos milionários com o Poder Público. Essa prática estaria espalhada nas esferas federais, estaduais e municipais.

O Ministério Público Federal (MPF) apresentou uma série de evidências sobre a denúncia contra o ex-presidente e a ex-primeira-dama da República, dona Marisa Letícia, também no famoso caso do triplex no Guarujá. No entanto, antes mesmo do final da coletiva de imprensa, os advogados de Lula convocaram a imprensa para rebater as acusações, afirmando que Dallagnol estava fazendo ilusionismo e que as acusações são políticas, com a pretensão de desclassificar a candidatura do petista à presidência em 2018.

O que fica evidente é que a Justiça no país continua caminhando a passos de tartaruga, enquanto processos como os que vimos contra a ex-presidente da República Dilma Roussef e o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, levam meses para serem concluídos. Apesar da demora, ficou provado em ambos os casos que havia culpa dos acusados. Questionado na coletiva de imprensa desta tarde se o MPF iria pedir a prisão de Lula, já que ele pode oferecer entraves para a condução das investigações, Dallagnol disse que o órgão não se manifesta em coletivas sobre o assunto.

Lula é acusado de receber 3,7 milhões de reais em vantagens da OAS só no caso do triplex. No total, os crimes denunciados nesta quarta-feira somam 87,7 milhões de reais que teriam como principais beneficiários o PT e o comandante máximo da corrupção, segundo o procurador da República.

Plenário do Senado Federal durante sessão deliberativa extraordinária qu decidiu pelo impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff por crime de responsabilidade. Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

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Peixe-graúdo: o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), cassado nesta segunda-feira, 12 de setembro de um processo cansativo e o mais longo da história do Conselho de Ética: 335 dias. Foto: Luis Macedo / Câmara dos Deputados

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