02/06/2014 - 19h26
Gerson Soares
Repugnante, esta palavra seria amena, diante do cenário que pode ser visto neste sábado (31/05) no entorno do Mercado Municipal de São Paulo. A aparência da Avenida do Estado, sob o viaduto Diário Popular, na Rua Cavalheiro Basílio Jafete e nas duas esquinas que antecedem o Mercadão, como é conhecido, tinham um aspecto decadente. Omitimos as fotos pela repugnância e para não denegrir ainda mais um local considerado ponto turístico, ao contrário mostramos o que o turista pode esperar depois do susto.
Nauseabundo, isto é o que se poderia falar sobre o odor na Rua Cavalheiro Basílio Jafet, ao lado do viaduto Diário Popular que faz a ligação entre a Avenida Mercúrio e o Parque Dom Pedro. A menos de 200 metros do maior entreposto municipal da cidade e em frente a diversos pontos de comércio de hortifrutis, esta palavra mal traduz a situação que se encontra ao lado de um dos pontos turísticos mais famosos de São Paulo, o Mercadão.
Se não fosse com estes termos, deveríamos arranjar outros, para designar o odor das fezes a céu aberto, esgoto, galerias expostas, sujeira, poças de urina que formavam rios no último sábado. O caso se torna ainda mais extremo, quando a maior cidade do país e da América Latina recebe pessoas de vários países e aponta esse local para visitação turística durante a Copa do Mundo. Do outro lado do rio que separa as marginais da Avenida do Estado, está o Palácio das Indústrias, antiga sede da prefeitura da cidade.
Ao chegarmos, por volta das 9h30, nos páteos internos do Mercadão não havia lugar para estacionar e a maioria dos estacionamentos do entorno já estavam lotados. Isso nos fez seguir em frente pela Rua Cantareira, já que um agente do CET impedia a conversão à esquerda contornando o Mercado pela Rua Com. Assad Abdala: “Só sei que estou mandando seguir em frente”, disse ele sem saber explicar o porquê.
Seguindo o indicado, a cada momento diversos flanelinhas cercavam os carros tentando arranjar-lhes vagas e foi assim que tivemos de ceder àquela demanda, já que não havia onde estacionar para fazer a matéria sobre o Mercadão que na Copa do Mundo recebia turistas. Fomos levados até a Rua Cavalheiro Basílio Jafete e ao chegarmos orientados a estacionar o carro em cima da calçada. Havia em torno de dez flanelinhas ou mais naquele local guardando vagas para vender. Com carros estacionados estrategicamente para garantir o acesso às calçadas e outros pontos embaixo do viaduto, além das ruas, demarcadas com zona azul, eles cobravam em torno de 20 reais adiantados.
O cheiro de fezes que exalou ao abrirmos as portas do carro quase nos fez retroceder. Vimos um rapaz que andava com uma mulher, ambos caminhavam na ponta dos pés para não pisar nos dejetos e nas poças de urina. Lama, lixo, folhas de hortaliças, frutas estragadas e um aguaceiro que formava poças de água fétida por onde passam as rodas dos carrinhos que transportam alimentos.
Nosso carro ficou ao lado de uma galeria de águas pluviais que esta afundando e os bueiros estão com as tampas quebradas. Do outro lado da rua, nesse degradante cenário, são comercializadas as frutas que abastecem feiras e supermercados, pois é para lá que muitos comerciantes se dirigem a fim de adquiri-los por um bom preço. Na lateral desse viaduto, fica um posto onde agentes de limpeza se alimentam e montam turnos de trabalho.
Quando falamos que o Brasil não está preparado para receber um evento como a Copa do Mundo, não é apenas sobre as inúmeras situações como esta que ocorrem no país, que serão levadas na memória dos turistas que por aqui passam. É a desorganização e a falta de zelo, com o próprio povo e a ordem. Turistas e paulistas se igualam nas mãos dos flanelinhas que cobram quanto querem e se não pagar adiantado não para o carro. Se parar não há autoridade que os impeça de quebrar, riscar, furar pneus, furtar.
Como se recomenda um lugar desses aos turistas e a qualquer um não se sabe, mas ele consta como ponto turístico no site do Governo e da Prefeitura de São Paulo. A revista Veja, há algum tempo fez uma comparação que infelizmente ainda cabe bem ao Brasil, quando comparou a capacidade do país de fabricar aviões a jato pela Embraer – que competem com as maiores empresas do mundo –, mas ao mesmo tempo sucumbe ao mosquito da dengue.