Caatinga, o trunfo brasileiro no combate às mudanças climáticas. Bioma é o mais eficiente no sequestro de carbono entre todos os outros estudados.
Por Aldrin M. Perez-Marin, José Jonas Duarte da Costa e John E.B.L. Cunha
A região Semiárida Brasileira (SAB) corresponde a uma área de 1.127.953 km2 divididos entre 1.427 municípios. O clima de toda região é caracterizado por pouca chuva (baixa precipitação pluviométrica), calor (alta temperatura média do ar) e muito sol (elevada radiação solar incidente), o que resulta em limitação de água para o consumo vegetal, animal e humano. Os quase 28 milhões de habitantes que acolhe a região semiárida, vivem em sua maioria nas áreas urbanas (62%).
No entanto, uma parcela significativa destas áreas urbanas vivencia uma dinâmica rural, já que 90% dos municípios da região são classificados como pequenos, por possuírem menos de 50 mil habitantes. Além disso, 56% das propriedades rurais apresentam áreas inferiores a cinco hectares.
Paisagem diversa
A caatinga é a vegetação nativa dominante do Semiárido. O bioma ocupa uma vasta área de aproximadamente 850 mil km² de floresta arbórea-arbustiva, com cactos, bromélias e estratos herbáceos abundantes durante o período chuvoso. Os solos variam desde os mais jovens (neossolos), até aqueles mais velhos (latossolos) e sua paisagem é muito diversa.
Localização
Abrange desde o litoral norte da região Nordeste até o norte de Minas Gerais. Entre seus limites, se destacam: a Depressão Sertaneja; as superfícies Cársticas; o Planalto da Borborema; as dunas continentais; as bacias sedimentares; as grandes áreas de aluviões; as serras e serrotes; os maciços residuais; as superfícies retrabalhadas; e as chapadas.

Área de ocorrência do bioma Caatinga e altimetria do Semiárido brasileiro. Fonte: Laboratório de Geoprocessamento Embrapa Semiárido
Desertificação
A desertificação é um problema grave no Semiárido. Evidências científicas indicam que cerca de um milhão de hectares encontram-se gravemente degradados. A redução das áreas de vegetação nativa é sempre o principal vetor de desertificação, provocada pelo manejo inadequado dos recursos naturais, resultando em perdas significativas de matéria orgânica do ecossistema. Apesar da principal ação ser a remoção da madeira das áreas de floresta nativa, os maiores danos são observados no solo.
Aquecimento global
Nos ecossistemas naturais, a maior parte do armazenamento de matéria orgânica está no solo, tendo o dióxido de carbono (CO2) como principal elemento de sua composição. O CO2 tem profundas implicações no clima. A crescente taxa de emissão de CO2 vem sendo apontada como umas das principais causas do aquecimento global e, consequentemente, das mudanças climáticas.
Embrapa
O estudo Embrapa Semiárido, publicado por Lúcia Helena Piedade Kiill em 08 de dezembro de 2021, trata do bioma Caatinga. De acordo com a autora, “sua área de ocorrência é quase coincidente com o atual limite do Semiárido brasileiro, sendo que a Caatinga também ocorre na porção Oeste e Norte do Estado do Piauí, Norte do Ceará e em parte do litoral Leste da Região Nordeste.”
Degradação
A Caatinga é considerada como um dos ecossistemas brasileiros mais degradados pelas atividades humanas, sendo estimado que 45,3% de sua área total já estejam alteradas, o que a coloca como o terceiro bioma brasileiro mais modificado, sendo ultrapassado apenas pela Mata Atlântica e o Cerrado. Por outro lado, é considerado como o menos protegido, com apenas 8% de sua área sendo mantida em 123 Unidades de Conservação, das quais 41 de Proteção Integral e 82 de Uso Sustentável.
Fontes: Brasil de Fato / Embrapa
Destaque – Imagem: aloart
Publicação:
Sábado | 21 de outubro, 2023