Com os bloqueios comerciais pela China e União Europeia (UE), especialistas já preveem queda dos preços no mercado interno; a repercussão mundial se deve à posição que o setor ocupa no fornecimento dessa proteína. Ovos e as carnes suína e bovina, também podem sofrer impacto, de acordo com a Esalq/USP.
O Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) informou em nota oficial, nesta sexta-feira, sobre a identificação rápida de um caso de influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) em Montenegro-RS e que adotava as ações efetivas para isolamento, controle e erradicação. A granja está localizada a 60 quilômetros de Porto Alegre (leia a nota na íntegra).
A notícia acompanhou o embargo temporário da China e União Europeia às exportações de carne de frango do Brasil, seguidas pela Argentina, Uruguai e Chile. Outros países, como Coreia do Sul, México, África do Sul e Rússia, também poderão aderir ao bloqueio. No entanto, reconhecendo acordos sanitários internacionais que preveem a regionalização por municípios ou estados, países como Japão, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Filipinas, por exemplo, já aprovaram a regionalização para IAAP, restringindo a exportação aos 10 quilômetros de raio do foco.
“Esse é o primeiro foco de IAAP detectado em sistema de avicultura comercial no Brasil. A circulação do vírus, principalmente na Ásia, África e no norte da Europa, ocorre desde 2006. O MAPA alerta que a doença não é transmitida pelo consumo de carne de aves nem de ovos. A população brasileira e mundial pode se manter tranquila em relação à segurança dos produtos inspecionados, não havendo qualquer restrição ao seu consumo”, diz a nota governamental (leia na íntegra).
Economias interna e externa podem ser afetadas
Como maior exportador de frango e terceiro maior produtor mundial, o Brasil é responsável por um terço de toda proteína derivada dessa ave consumida globalmente. Em 2024, a produção da carne de frango brasileira atingiu 14.972 milhões de toneladas, como mostram os dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Com o embargo da China e União Europeia às exportações, os especialistas acreditam que o preço deve aumentar, atingindo os mercados mundiais.
A ABPA também emitiu nota oficial, onde afirma que confia na rapidez das tratativas para solucionar o problema no menor prazo possível e apoia o MAPA e a Associação Gaúcha de Avicultura (ASGAV), ressaltando a transparência das ações “em relação à identificação, comunicação e contenção da situação, que é pontual” (leia a nota na íntegra). A previsão é que os bloqueios às exportações podem durar até 60 dias.
Repercussão em outros setores
Na avaliação de pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA Esalq/USP), a suspensão por parte da China e da UE de toda a carne de aves brasileira teria impacto de média intensidade no equilíbrio de mercado não só de frango, mas também das carnes suína e bovina; grãos, principalmente milho, também seriam influenciados. Porém, o caso é muito recente e, na análise dos especialistas do Cepea, ainda é cedo para cenários.
O mercado de ovos, no entanto, é diretamente afetado pelo autoembargo das exportações de todos os produtos de aves do Rio Grande do Sul, que responde por cerca de um terço dos ovos exportados pelo Brasil.
Destaque – Imagem: aloart / G I