Segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018 às 19h28


Empatia, preconceito, moralidade, visão política, relacionamentos e emoções diversas como medo, alegria, tristeza, gratidão e inveja. No passado, esses fenômenos sociais e afetivos eram estudados fundamentalmente por meio da análise comportamental e de estudos que envolviam questionários e depoimentos.

Karina Toledo | Agência FAPESP

Porém, graças ao avanço das técnicas de neuroimagem e de estimulação cerebral não invasiva, além de ferramentas como eletroencefalografia, eye tracking (rastreamento dos movimentos oculares) e eletromiografia facial (medição da atividade dos músculos da face), tornou-se possível desvendar os fundamentos biológicos por trás desses fenômenos que influenciam tão fortemente a tomada de decisão e os relacionamentos humanos no dia a dia.

 

Escola São Paulo de Ciência Avançada em Neurociência Social e Afetiva será realizada em agosto no Mackenzie. Estudantes podem se candidatar para participar até 30/03. Foto: divulgação.

 

“As ferramentas da neurociência permitem estudar as regiões cerebrais envolvidas nos processos afetivos. Permitem entender o papel de um circuito cerebral específico nas relações humanas que envolvem uma certa emoção. Medir a velocidade de processamento de uma informação do ambiente e como isso influencia nossa resposta. E até mesmo manipular a atividade cerebral para ver o efeito nas decisões, nas respostas afetivas e nos julgamentos morais”, disse Paulo Sérgio Boggio, diretor do Laboratório de Neurociência Cognitiva e Social da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).

Todos esses assuntos estarão em destaque durante a São Paulo School of Advanced Science on Social and Affective Neuroscience (SPSAN), evento que será realizado de 20 a 31 de agosto na UPM, com apoio da FAPESP. Estudantes interessados em participar poderão se inscrever até o final de março.

“Nosso foco são doutorandos e pós-doutorandos das diversas áreas ligadas à neurociência. Mas também aceitaremos estudantes de mestrado e até mesmo graduandos envolvidos com pesquisas na área, desde que tenham um mestrado encaminhado e uma forte carta de recomendação”, disse Boggio, organizador do encontro.

Seguindo o modelo da modalidade Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA) da FAPESP, serão selecionados 50 participantes estrangeiros e 50 brasileiros – sendo 25 do Estado de São Paulo.

Os candidatos devem enviar, para o e-mail spsan@mackenzie.br, currículo, carta de interesse e também uma carta de recomendação do orientador ou supervisor relatando de que modo a escola poderá contribuir com a formação do estudante.

O programa da escola inclui aulas teóricas, palestras com especialistas e também atividades práticas em laboratórios.

“Teremos um workshop sobre eye tracking, técnica que ajuda a entender como as pessoas selecionam a informação no ambiente e como reagem a ela. No laboratório, também vamos demonstrar como o uso da eletromiografia facial permite estudar a relação entre a atividade dos músculos da face e as emoções. Além de outras atividades práticas que envolvem as técnicas de neuroimagem, eletroencefalografia e estimulação cerebral não invasiva, como estimulação magnética ou por corrente contínua”, disse Boggio.

No grupo de palestrantes estão professores e pesquisadores como a italiana Alice Proverbio, da Università degli Studi di Milano-Bicocca, cuja linha de pesquisa busca entender as diferenças de gênero e como o cérebro de homens e mulheres processa as informações relativas à cognição social.

O português Oscar Gonçalves, da Universidade do Minho, estuda as diferenças entre os processos cerebrais de devaneio (mind wondering) e atenção. Já o finlandês Lauri Nummenmaa, da Universidade de Turku, ganhou destaque nos últimos anos com estudos que mostram como as emoções são sentidas por diferentes pessoas no corpo.

“Temos ainda palestrantes do Japão, da Austrália, Estados Unidos e Brasil. Tentamos não ficar concentrados em um único continente para atrair representantes de diferentes sociedades científicas, aumentar a divulgação da escola e disseminar a informação pelo globo”, contou Boggio.

Os candidatos selecionados serão divididos em grupos e farão um rodízio para aprender as diferentes técnicas. Segundo Boggio, o objetivo é que, ao final do curso, cada grupo tenha elaborado um projeto de pesquisa na área, que será apresentado no formato de pôster.


Mais informações sobre o programa, hospedagem e outros detalhes do evento estão em: http://portal.mackenzie.br/en/spsan.

Constatação sugere que período de transmissibilidade do vírus pode ser maior do que se imaginava, aponta estudo feito por pesquisadores da USP, dos institutos Butantan e de Infectologia Emílio Ribas e da PUC-SP. Foto: Erskine Palmer / CDC

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