Quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017, às 09h23
Chegando ao fim da nossa expedição a bordo do Esperanza, nosso coração ficou bem apertado.
Greenpeace Brasil | por Juliana Costta*
Foram mais de 20 dias no navio, 480 horas convivendo juntos. Muitas manhãs começando entre 4h30 e 7h30 para que acompanhássemos os mergulhos de submarino, ou a câmera submersa que ia ao mar, ou para apenas conversar e conhecer mais sobre os recifes de corais com os cientistas. Com todo esse trabalho desenvolvemos amizades, criamos vínculos e vivemos situações que serão boas memórias para toda a vida. A nossa última noite foi só mais uma delas.
Alguns momentos que sentiremos falta são simples: trabalhar no lounge (a nossa sala de estar) ouvindo as piadas dos bem humorados pilotos do submarino e cientistas. Ou andar pelo navio e encontrar o Eric sorrindo e perguntando “Como está seu dia, querida?”. Sentiremos falta de quando tentávamos nos equilibrar no balançar do navio e todo mundo se olhava com cumplicidade, no maior estilo “tá difícil aqui também”. Esses pequenos momentos fazem a gente até esquecer do cansaço e deixam o dia mais leve.
E bem na nossa última noite a bordo, tivemos feliz coincidência. Depois do show dos golfinhos dos nossos primeiros dias, nossos companheiros do mar vieram dizer adeus.
Já passava das 20h e conversávamos na parte externa do navio, aproveitando a noite iluminada pela lua. Ouvimos gritos “Golfinhos na proa! Noctilucas na proa!” e lá saímos correndo para vê-los.
Era uma cena incrível. Os golfinhos muitos e eram todos pequenos. Ao redor deles, víamos brilhos verdes, como vaga-lumes. Infelizmente, nossas câmeras não conseguiram registrá-los. Ficaram apenas na memória. Atônitos, entendemos que era um presente de despedida que o mar, talvez Iemanjá, Netuno ou Poseidon nos davam por estarmos ali com a campanha Defenda os Corais da Amazônia.
Afinal, aquele mar por onde tanto navegamos tem mais do que golfinhos saltitantes. Ali há muita beleza e mistérios, vidas marinhas preciosas que ainda não conhecemos tão bem. São corais, esponjas, rodolitos, arraias, peixes, caranguejos entre tantos e tantos outros seres que vimos e registramos. E tudo ali merece nossa atenção e nossa defesa.
Se demorarmos muito para agir, empresas petrolíferas começarão a explorar a região em busca de petróleo. Um derramamento ali poderia ser desastroso e ameaçaria todas essas belezas que vimos a bordo do Esperanza. E é por isso que daqui do navio estamos mostrando ao mundo o que vemos. Esperamos que, mesmo quem não esteve com a gente, tenha se emocionado e embarcado nessa aventura.
* Juliana Costta é Social Media do Greenpeace e está a bordo do Esperanza, pelo menos por enquanto.
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