Tietê: o rio de São Paulo
Textos: Professor Fausto Henrique G. Nogueira (IFSP) | Edição: Gerson Soares | Edição de imagens: aloimage
Para contar a história do rio Tietê, é preciso contar inicialmente a de São Paulo, da qual é símbolo, pois estão intimamente ligados pela história, pela geografia, pela cultura, e também pelas dificuldades. Ele foi fundamental durante as bandeiras, as monções, a cafeicultura, a industrialização. Por muitos anos, o Tietê foi a única via de acesso ao interior da província de São Paulo e, embora não navegável em alguns trechos, era o caminho mais rápido para se atingir o Estado do Mato Grosso. Além de sua importância histórica, possui um considerável significado econômico, ligado principalmente à produção de energia hidroelétrica imprescindível para o maior parque industrial da América do Sul. Também foi um local de lazer e entretenimento, mas desrespeitado pela cidade, tornou-se um esgoto a céu aberto.
São Paulo foi fundada em 25 de janeiro de 1554, no local onde foi erguido o colégio dos jesuítas; lugar alto, em uma colina, excelente para a segurança, dando origem ao povoado de São Paulo de Piratininga. Possuía uma boa vista, cercado pelos rios Tamanduateí, Anhangabaú, e próximo ao rio Anhembi, que “corre de costas para o mar”.
Até o século XVIII, o Tietê era o Anhembi. O verdadeiro nome do rio tem significado e origem ainda controverso. Das várias traduções e discussões a mais comum é aquela fornecida por Teodoro Sampaio e Afonso Taunay. Estes entendem que Anhembi refere-se a uma ave, o inhambu ou anhuma. Sergio Buarque de Holanda, registrou que “Anhembi quer dizer rio das Anhumas”, aves procuradas pelos caboclos. No ano de 1748, o nome de Tietê foi pela primeira vez registrado cartograficamente no mapa d’Anville (Jean Baptiste Bourguignon d’Anville – cartógrafo francês). Referia-se somente ao trecho situado entre a nascente e o salto de Itu, mas acabou prevalecendo para todo o rio. Ambos os nomes, Anhembi e Tietê, persistiram durante muito tempo. João Mendes de Almeida demonstrou que Tietê quer dizer “grande rio”, onde ti significa água, rio, e etê exprime o superlativo. Teodoro Sampaio afirmou que a grafia viria de tiê, “água corrente volumosa, verdadeira”, significando, portanto, “rio verdadeiro”.