02/06/2014 – 20h05
É inconcebível não valorizar os heróis da pátria.
Gerson Soares
O Parque Dom Pedro II, que assim foi nomeado para homenagear este ilustre personagem da história brasileira, está relegado ao abandono. É mais uma obra medonha, do descaso, da insensatez, do desgoverno.
Desde a ponta extrema onde se mantêm um quartel que até 1992 abrigou o 2º Batalhão de Guardas do II Exército Brasileiro, cercado por histórias de escravos, de soldados e dos Dragões da Independência até a obra magnífica do escritório do arquiteto Ramos de Azevedo na outra extremidade com o cruzamento da Av. Mercúrio, se perde a cada dia um pouco da dignidade e da honra, que cercaram tanto esses monumentos quanto todos os nomes aqui citados.
Constrange-nos, ao seguirmos para outros países e vermos a organização dos poderes e regularidade das coisas. O constrangimento não é por sermos brasileiros, pois por essa pátria muitos dariam a vida hoje e novamente, mas por termos sido aviltados de nossa coragem e força de vontade, em mantermos desgovernos tão serenos.
Desde as 8h30, desta segunda-feira, 2 de junho, procuramos a Secretaria Municipal da Saúde, a sempre rígida Vigilância Sanitária, órgão ligado a essa secretaria e também a Secretaria de Abastecimento da Prefeitura da cidade de São Paulo, para obtermos simples respostas sobre se eles tinham conhecimento da situação descrita nesta reportagem, a região do Mercadão de São Paulo, e o que pretendiam fazer a respeito.
A assessoria da Secretaria Municipal de Abastecimento, respondeu que iria encaminhar a demanda, às 12h39. Estamos aguardando a resposta e divulgaremos assim que a recebermos.
Enquanto isso, esperamos que os estrangeiros não voltem para casa pensando que São Paulo pouco mudou em 105 anos, desde que um certo Emile, assim descrito no livro “Lembranças de São Paulo”, descreveu a cidade num cartão-postal enviado à França.
“(…) Assim sucede com uma série de cartões-postais coloridos, com vistas como a do Largo São Bento ou da Rua Boa Vista, enviados por um certo Emile, em 26 de junho de 1909, à Madame Socley, 17, Quai Gauthey à Dijon Côte d’Or, França, que, entre outras impressões, comenta:
‘Já lhe falei que choveu durante seis dias seguidos, mas, agora, recomeçou a chover todos os dias. É o que chamam verão… No inverno, às vezes, não chove durante meses e o vento arrasta a poeira, mas há boa temperatura, quase nada de frio e nada de neve. A vegetação e os insetos continuam a prosperar: desde aqui vejo os beija-flores revoando de flor em flor à procura do néctar, como fazem as borboletas.
As doenças reinam sobre o solo brasileiro. Todo mundo é mais ou menos doente. A água é impura e é necessário filtrá-la. A higiene é um luxo dos bairros ricos, desdenhando os bairros pobres, que permanecem num estado deplorável, sujo e desagradável, fedendo a urina na hora do calor. Os bairros ricos são magníficos, com habitações de muito bom gosto, e admiráveis são sobretudo os palacetes…'”